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Olimpíadas de Paris x Carnes

Atletas brasileiros e de outras nacionalidades, reclamam da falta de carne no refeitório da Vila Olímpica, nas Olimpíadas de Paris 2024
A bela Paris, a torre Eiffel, e as carnes, que estão em falta na "cidade luz". Reprodução do Jornal La Nación
domingo, 28 julho, 2024

POR GI XAVIER

Em abril desde ano, o comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Paris, anuncia a redução de oferta de carne aos atletas e ao público em cerca de 13 milhões de refeições durante os jogos.

Com o argumento de que a carne representa uma ameaça ambiental, transmitindo uma mensagem de que o setor de proteína animal é o principal responsável pelas emissões de carbono e pelo aquecimento global.

No entanto, essa decisão suscita debates sobre a real eficácia dessa estratégia em termos de sustentabilidade, especialmente quando comparada com a pecuária regenerativa praticada no Brasil.

Os produtores rurais brasileiros investem cada dia mais em tecnologia e inovação para tornar a pecuária cada vez mais sustentável.

Nessa mesma época do anúncio do comitê dos Jogos Olímpicos, o Canal Rural promoveu um debate entre especialistas no assunto, para discutir os aspectos não considerados pela organização dos Jogos em Paris. Práticas como sistemas integrados de produção, manejo de pasto, rotação de culturas e integração lavoura-pecuária-flores, têm o potencial de absorver mais carbono do que os animais produzem.

Nesse mesmo debate, foi levantada a questão do setor de transporte, responsável por 20% das emissões globais de CO2, Aviação Civil comercial, que aumentaram em média 2,6% ao ano nos últimos 25 anos, conforme publicado pelo Canal Rural, em 25 de abril deste ano.

No último dia 26, já foi dado início ao maior evento esportivo do mundo em Paris, e em diversos canais de notícias e redes sociais, o que se fala é da reclamação dos atletas, principalmente brasileiros, sobre a falta de carne na Vila Olímpica.

Essa reclamação levanta o questionamento importante sobre a necessidade da proteína animal na dieta humana, neste caso em especial, os atletas. A Nutricionista, Doutora em Bioquímica e Biologia Molecular, docente na Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Eloísa Helena Medeiros Cunha, nos orienta sobre o ponto de vista nutricional desse alimento.

De acordo com a Dra. Eloísa “a carne é excelente fonte de proteína de alto valor biológico, o que significa ser nutricionalmente completa por conter aminoácidos essenciais, que nós seres humanos necessitamos para nosso crescimento e desenvolvimento.”  

A Dra. ainda ressalta que “as proteínas são consideradas construtoras do organismo e estão presentes em quase todos os tecidos e fluídos corporais. Assim, a maior riqueza nutricional da carne são seus aminoácidos, que têm de 95% a 100% de aproveitamento no corpo humano, o que gera um equilíbrio nutricional bastante significativo.”

Além de bovinos, o Brasil também é um grande produtor de aves e suínos, estimando uma produção total de 29 milhões de toneladas desses três principais tipos de carne no país em 2023, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com as informações passadas pela Dra. Eloísa Medeiros, “é importante variar os tipos de proteínas da dieta, em específico aqui citado, as carnes, devido aos tipos de nutrientes que cada uma terá. A carne de frango, é uma excelente fonte de ferro, fósforo, cobre, zinco, manganês e selênio (benéfico para a saúde da tireoide). Já a carne suína é importante fonte de vitamina B6, que ajuda o organismo a metabolizar a proteína e os carboidratos.

Assim, segue o dilema da carne na Vila Olímpica, enquanto o Comitê de Paris usa a justificativa de menos carne ser uma solução sustentável, contudo, o “Comitê Olímpico Brasileiro reforça a operação de alimentação e a oferta de proteína animal para os atletas brasileiros em locais alternativos e solicitou ajustes durante a reunião diária entre os Chefes de Missões e o Comitê Organizador de Paris”, conforme publicado pelo Portal IG na última quinta-feira (25).

Assim sendo, essa é uma questão que mostra a complexidade de decisões tomadas a nível global como nas Olímpiadas. Fica a indagação, se esse é um desembaraço político, ou se foi uma decisão com fundamentação técnica? 

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