O Que É Uma Mulher?

Confira a coluna de Vitor Matos desta semana
Essa tese de que o sexo é quem define o gênero é tão falsa que é possível até refutá-la empiricamente. Foto: Divulgação
domingo, 14 janeiro, 2024

por Vitor Matos

Voltando ao nosso tour pela Filmicca, hoje irei falar de um curta norueguês que não é um grande clássico, mas sem sobra de dúvidas, apresenta um dilema pertinente na contemporaneidade. Esse dilema gira em torno das discussões sobre gênero e seus respectivos papéis.

Lançado em 2020 e dirigido por Marin Håskjold, o curta metragem “O Que É Uma Mulher” nos apresenta um banheiro feminino onde uma mulher fica ligeiramente incomodada com a presença de outra mulher no recinto.

Tão logo o incomodo se transforma num enfadonho, mas necessário, debate sobre direitos, preconceito e visibilidade LGBTQIA+. Isso porquê a mulher que gerou o incomodo era uma mulher trans.

No decorrer do pequeno enredo, outras mulheres adentram no debate, cada uma com suas histórias e viviscitudes as quais tornavam cada vez mais difícil chegar num consenso do que é, ou do que deveria ser, uma mulher.

Confesso que quando reconheci a mulher trans em questão, concluí que ela conseguia ser mais feminina e até mais sensual do que as demais mulheres cisgênero que estavam capitaneando o debate.

Outra coisa que me chamou atenção foi que a própria mulher trans parecia não pertencer aquele universo conflituoso que surgiu justamente por conta do seu corpo. Digo corpo porque a discussão só iniciou quando o pênis ficou a mostra. Ela era a que menos falava, só demonstrava uma perplexidade porque parecia ser bem resolvida com seu gênero.

Essa tese de que o sexo é quem define o gênero é tão falsa que é possível até refutá-la empiricamente. Basta você pegar a dita mulher gostosa e sensual, vesti-la com roupas masculinas e lança-la próxima a uma obra. Garanto que ela não ouvirá um “a”.

Talvez até haveria comentários, mas acredito que seriam depreciativos. Só que se você pegar essa mesma mulher e tacar nela um vestidinho justo e curto, delineadores faciais, maquiagem, escova com baby lizz e lança-la na mesma obra, você verá os trabalhadores até quebrando o pescoço para ver suas curvas e sua sensualidade culturalmente construída.

A Filmicca é isso mesmo. Cinema e crítica social foda de verdade, sem enrolação. Não à toa que logo criei minha conta pois a pretensão aqui é extrair o que há de melhor nela e oferecer a essa coluna não apenas entretenimento, como também o devido e necessário estímulo ao pensamento crítico. Essa é a missão.    

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