Por Marcelo Augusto
O ano de 2024, com base nos dados compilados pela Agência Brasil, termina com um cenário econômico confuso do Brasil, para não dizer contraditório: o PIB cresce e o desemprego diminui, mas a inflação é alta e o dólar aumentou bastante, quase 30%. Essa situação exige uma análise detalhada para prever os próximos meses de 2025.
Uma boa notícia é o mercado de trabalho. A baixa histórica da taxa de desemprego, o maior número de pessoas com emprego e o aumento do salário médio mostram uma melhoria na distribuição de renda e no consumo. O crescimento contínuo do PIB, que vem principalmente da indústria e serviços, indica um aumento econômico, mas existem preocupações com os níveis de investimento, que são essenciais para manter esse crescimento no futuro. O aumento dos empregos formais, de acordo com o CAGED, apoia essa visão otimista.
Por outro lado, a situação tem desafios. A inflação alta, que ultrapassa a meta do governo, é algo a se preocupar. O IPCA e o INPC, ambos acima de 4%, mostram pressão sobre o custo de vida das pessoas, diminuindo seu poder de compra e causando incerteza. O aumento do IGP-M, muitas vezes relacionado aos preços dos aluguéis, piora ainda mais a situação de muitas famílias.
A subida do dólar é outro grande desafio. A alta de quase 30% em 2024 afeta diretamente os preços de produtos importados, aumentando a inflação e tornando mais cara a importação de insumos para muitos setores. Embora os exportadores ganhem com a alta, a pressão inflacionária geral tira muito desse ganho. A intervenção ocasional do Banco Central, com leilões de dólar, mostra que o governo está preocupado, mas não garante que a situação cambial ficará estável nos próximos meses.
Para 2025, as projeções dependem de vários fatores. Controlar a inflação será muito importante. Se o governo conseguir aplicar políticas que funcionem para evitar o aumento dos preços, sem prejudicar o crescimento econômico, o cenário pode ser melhor. Manter a taxa Selic alta, mesmo com o risco de desacelerar a economia, poderá ser necessário para controlar a inflação, mas também pode acabar atrapalhando o investimento e o crescimento a longo prazo.
A estabilidade política e a habilidade do governo em gerenciar os gastos públicos serão importantes para a confiança do mercado e a captação de investimentos. A dependência da economia brasileira em relação a fatores externos, como o desempenho da economia dos EUA e as decisões do FED, Sistema de Reserva Federal, (nome do banco central dos Estados Unidos), impactará o comportamento do dólar e a trajetória da economia do país.
Em síntese, o Brasil em 2025 enfrentará um cenário complicado. O crescimento econômico e a criação de empregos são aspectos positivos, mas a inflação alta e a valorização do dólar trazem riscos. O êxito da gestão econômica dependerá da habilidade do governo em equilibrar o controle da inflação com o estímulo ao crescimento sustentável, além de atenuar os efeitos negativos da oscilação cambial. A ausência de uma estratégia clara e eficaz pode resultar em estagnação econômica e aumento da desigualdade social.
Sobre o autor:
Marcelo Augusto dos Anjos Lima Martins
Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública - UFJF
Especialista em Psicopedagogia – UCAM
Especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho - UFPI
Pedagogo do IFMG Campus Governador Valadares