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Ah, a Democracia!

Marcius Túlio, colunista do JC, aborda um tema que sempre domina a cena brasileira: a democracia e seus conceitos
Imagem ilustrativa, de Brasília, centro do poder em território brasileiro. Foto: Filipe Frazão Shutterstock.com Reprodução da Internet
domingo, 3 março, 2024

por Marcius Túlio

A tão badalada, falada, estudada, explorada, “estuprada”, vilipendiada, sonhada, amada e odiada Democracia.

De acordo com os dicionários pátrios: Governo em que o poder é exercido pelo povo. Em sua etimologia temos: (origem da palavra democracia). A palavra democracia deriva do grego "demokratia,as", pela junção de “demos”, que significa povo, e “kratía”, com sentido de poder, de força.

Pela definição etimológica e ortográfica, parece não restar dúvidas sobre seu real significado. Mas não é bem assim.
Como só acontece à raça humana, “nada se cria, tudo se copia” e as controvérsias fazem parte do nosso DNA, sendo exploradas implacavelmente na busca pela sobrevivência, quiçá pelo poder.

Enquanto uns acreditam que Democracia exprime liberdade, outros a têm como cárcere de seus interesses, enquanto uns a associam ao capitalismo, outros não a reconhecem fora do socialismo/comunismo e assim caminha a humanidade.

Em meio a essas e outras dicotomias, resta-nos uma percepção mais detida sob a ótica de sua concepção. Enquanto regime político, essa mesma Democracia exige a participação popular na escolha e nas decisões de seus representantes/governantes, de modo que se tornou a característica principal ou essencial à sua consolidação.

Desconsiderando, por ora, os processos “democráticos” de escolha de representantes e ou governantes, bastante desgastados pelo uso e abuso, seja pelo mecanismo, seja pelo gerenciamento, ela, a Democracia é também caracterizada pela vontade da maioria, nada a ver com discriminação, que fique bem claro, mas a vontade da maioria deve ser soberana, notadamente porque permite a alternância.

O sufrágio universal, com toda sua “fragilidade” que permite, por vezes, adulterações e falcatruas, ainda é a forma mais “democrática” para se definir a vontade popular, respeitadas as nuances já mencionadas, adquirindo um status de característica essencial à Democracia, o que pode ser um erro.

“Respeitadas ditaduras” ao redor do mundo adotaram o nome oficial de República Democrática, onde, em alguns casos, falseiam o resultado do pleito para garantir a sobrevivência do regime, em outros casos, não perdem tempo nem dinheiro com a tal eleição.

De certo somente que sua real concepção ainda é uma incógnita.

Nessa linha, torna-se de fato difícil encerrar a sensação de que a verdadeira vontade popular vem sendo satisfeita ou mesmo quase impossível garantir a prevalência da Democracia num conceito mais próximo de sua concepção original.

Durante os memoráveis anos 60, 70 e 80, do século passado, em que fui testemunha ocular, foram muito comuns os programas televisivos ou mesmo radiofônicos em que existiam as plateias, público, onde a vitória era dada ao calouro que obtivesse a maior manifestação popular, da plateia. Inexoravelmente, a maioria era satisfeita.

Trata-se de uma forma de manifestação popular mais difícil de ser manipulada, desde que expressas a espontaneidade e afinidade de pensamentos, valores e de respeito mútuo.

A vontade popular ou pelo menos da maioria há de ser respeitada sob pena de assistirmos à sucumbência da Democracia, em sua essência, bem a construção de um Estado totalitário, essa é a maior e mais clara demonstração de liberdade.

A força do nosso pensamento dá feição ao nosso destino, dizia um grande amigo da humanidade, as coisas acontecem conforme nosso merecimento, nossas escolhas são nossas, exclusivamente nossas. A partir do momento em que permitirmos que outros pensem e decidam por nós, estaremos à mercê da vontade alheia, pode ser tarde demais.

Chorar pelo leite derramado e apelar para a bondade de Deus será mera especulação inócua, Deus não é bom, DEUS É JUSTO. Aqueles que amam e cultivam a justiça percebem um Deus Bom e misericordioso, os outros, nem tanto.

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