22 de julho

Vitor Matos de Souza escreve sobre o filme "22 de Julho"
filme mostra a frieza do atirador da Noruega, que sorriu depois de ouvir o veredicto e lamentou não ter matado mais. Foto: Divulgação
domingo, 21 julho, 2024

POR VÍTOR MATOS DE SOUZA

De volta às resenhas semanais, hoje irei falar de um filme um tanto quanto polêmico, porém, necessário, urgente e atual. Trata-se de uma produção britânica que apresenta um drama histórico que deixa como mensagem um alerta para a humanidade sobre o que é, e como devemos lidar com militantes ou até mesmo políticos extremistas.

Tal como sugere no título, no dia 22 de julho de 2011 na capital norueguesa Oslo, um fundamentalista cristão de ultra direita arquitetou um atentado explosivo contra à sede do poder no intuito de matar o primeiro ministro. Com o foco das forças policiais no epicentro do caos pós atentado, ele viajou alguns quilômetros para um lugarejo onde acontecia um acampamento da juventude socialista da Noruega, e lá ele promoveu uma das chacinas mais cruéis e sanguinolentas já registradas na Europa pós ascensão do terceiro reich.

Anders Behring Breivik é o nome do terrorista. E o filme conta a sua história a partir dos relatos que ele fez para a polícia, bem como o dos sobreviventes do atentado.

O longa-metragem dirigido por Paul Greengrass mostra, com a devida sensibilidade, toda a atmosfera que retroalimenta o radicalismo político e sua repugnância a tudo aquilo que promove a diversidade e a cidadania de minorias étnicas.

Por se tratar de um fundamentalista anti-islâmico, o que motivou seus atentados foi justamente o multiculturalismo que é algo muito presente na Europa nos últimos 100 anos. Parte dele em decorrência das duas grandes guerras, e claro, por conta do imperialismo ianque.

O que torna o filme perturbador é que ele não foi inspirado nas ficções que existem por aí. Toda ação empreendida por Breivik aconteceram no mundo real. Os sobreviventes do atentado relatam que são tomados por pesadelos horripilantes desde o trágico episódio.

Ao assisti-lo fiquei com uma sensação de receio porque estamos numa conjuntura de ascensão desses radicais na política. Uma coisa são esses radicais à espreita carregando consigo o sentimento de repugnância sem meios de ação. Outra coisa é vê-los ascendendo ao poder com um forte apelo de boa parte da população que parece se deleitar nos discursos xenofóbicos e racistas.

O que fazer e como lidar com eles? Devemos simplesmente permitir suas ascensões sob pretexto de liberdade democrática? Ao meu ver falta um exercício da memória histórica não somente no Brasil, como no mundo inteiro. Se tivéssemos esses mecanismos, talvez esses extremistas jamais ascenderiam ao poder.

22 de Julho segue disponível no catálogo da Netflix, traz uma reflexão atual que merece ser visto. Fica aqui a minha recomendação, espero que goste.

Vitor Matos de Souza é cinéfilo e escritor

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