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O belo livro do Mundinho

A obra foi, e se conserva ainda, um importante meio de conhecimento de nossa história
Em 1985, Mundindo lançou um livro contando a história de Figueira, ou Figueira do Rio Doce, como queira. Foto de Ailton Catão
domingo, 26 janeiro, 2025

Por Tim Filho

O livro é maravilhoso e conta a história de Governador Valadares. O título é: Figueira do Rio Doce - Ibituruna. O autor é José Raymundo Fonseca. Do recenseamento de 1930, que contou 2.103 habitantes, José Raymundo Fonseca foi o cidadão de número 1.492, com 16 anos de idade, ainda um colegial. Fez parte da equipe da primeira agência bancária de Figueira, do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, inaugurada em 1 de janeiro de 1931.

Como ele mesmo se descreve, foi o pioneiro da classe de contínuos bancários desta terra. Havia recém chegado do seminário de Diamantina e, além dos serviços internos de limpeza, datilografia e outros serviços de registro manuscrito, distribuía, de bicicleta, por todo o arraial, circulares impressas que descreviam, aos possíveis correntistas, quanto renderia cada conto de réis depositado na agência.

Em 1985, lançou um livro contando a história de Figueira, ou Figueira do Rio Doce, como queira, esplanada em uma prosa poética, cortada às vezes, por alguns versos, transbordando o seu amor pelo lugar. Começou a escrevê-lo depois de uma conversa com o amigo Zezé Simões, que o fez perceber o quanto ele sabia sobre nós e o quanto poderia contar.

A obra foi, e se conserva ainda, um importante meio de conhecimento de nossa história. Conta desde a mata virgem, habitada pelos botocudos, até a segunda metade dos anos de 1870. É histórica, poética e desperta aquela saudade que Rui Barbosa descreveu em algum momento: “Saudade daquilo que não se viveu, de lugares que não se conheceu, de épocas que não se vivenciou”.

A cultura da época, os ciclos econômicos e as pessoas que fizeram parte desta história estão presentes nas palavras que ressaltam o vínculo afetivo de Mundinho, o José Raymundo Fonseca com a Figueira.

Quando lançou a sua obra, Mundinho já vivia no Rio de Janeiro, e em uma das últimas páginas, deixou o seu endereço. José Raymundo Fonseca nunca adotou como sua a cidade maravilhosa, tampouco assumia que era Governador Valadares, claro, ele era de Figueira, aquela, do Rio Doce. Externava à família seu desejo de, após partir, descansar seus restos mortais em sua Figueira. E seu desejo foi realizado.

Nota: Você encontra o livro do Mundinho no Museu da Cidade ou na Biblioteca Municipal Paulo Zappi. Vale a pena ler e pesquisar.

Sobre o autor:

Alpiniano Silva Filho, o Tim Filho, é jornalista profissional, editor do Jornal da Cidade GV, associado da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) e Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). Pesquisa sobre migrações internacionais e tem livro e artigos publicados sobre este tema. É mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, com projeto em jornalismo cívico.

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