As mudanças climáticas estão impactando a saúde global de maneira alarmante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas provocam ao menos 150 mil mortes por ano, número que deve dobrar até 2030.
O Instituto Butantan destaca que essas mudanças comprometem o sistema imunológico e contribuem para um aumento no número de doenças respiratórias.
Enquanto o frio afeta a primeira defesa do organismo, o calor atrapalha a resposta específica. Já a variabilidade térmica impacta o sistema de termorregulação.
O infectologista e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Érique Miranda, explica que a temperatura do ambiente influencia nossa resposta imunológica.
Tanto frio quanto calor impactariam a qualidade e a velocidade com o que o organismo vai “montar sua guarda” de proteção.
O sistema imunológico funciona como uma rede complexa de quase dois trilhões de células, difusas por todo o corpo, que trabalham para identificar, capturar e reagir aos agentes invasores. No entanto, as mudanças climáticas o afetam diretamente e propiciam o surgimento de doenças.
Sendo assim, é muito importante fortalecer a resposta desse sistema a partir de medidas preventivas. Entre os principais cuidados, Miranda destaca a hidratação, por meio da ingestão de quantidade adequada de água conforme o peso da pessoa.
Tenha uma alimentação balanceada
O gestor médico do Butantan também alerta para a qualidade da alimentação, com consumo diário de frutas, legumes e verduras. Além disso, alimentos como cítricos, brócolis e peixes ricos em ômega-3 ajudam a fortalecer a imunidade.
Para aqueles que não consomem peixe, o ômega-3 pode ser obtido através de fontes vegetais, como sementes de girassol, nozes, chia e linhaça, ou da suplementação.
Além do apoio ao sistema imunológico, entre as funções do ômega 3 vegano estão a promoção da saúde cardiovascular, a redução de inflamações e o suporte à saúde mental e cognitiva.
Outro nutriente que pode ajudar na manutenção da saúde e trazer uma série de benefícios para a imunidade é o magnésio.
A nutricionista Priscila Gontijo explica à imprensa que a substância influencia na produção de energia, funcionamento muscular, bem-estar, humor, sono, saúde cardiovascular e óssea. São exemplos de alimentos ricos em magnésio a semente de abóbora, linhaça, gergelim, vegetais de folhas verdes e leite.
Pratique exercícios regularmente
O professor de educação física José Carlos Farah explica na Rádio USP que os exercícios físicos fortalecem o sistema imunológico e proporcionam uma resposta mais rápida e eficaz contra qualquer quadro de infecção.
O mecanismo de melhora da defesa está associado ao efeito que a atividade física regular proporciona ao organismo a partir do aumento dos linfócitos, células de defesa que combatem e destroem qualquer corpo estranho ao nosso organismo, como as células tumorais ou as infectadas por vírus e bactérias.
No entanto, o professor recomenda evitar exercícios com muita intensidade e extenuantes, acima de um limite suportável, visto que isso pode gerar o efeito inverso ao diminuir a imunidade e aumentar a possibilidade de incidência de doenças. “É preciso ter bom senso, começando devagar e sempre com exercícios moderados”, esclarece.
Boa qualidade do sono
Ter um sono de qualidade é fundamental para manter um sistema imunológico saudável. Para garantir um descanso reparador, é importante cultivar uma rotina de sono regular e criar um ambiente propício ao relaxamento, que inclua conforto e tranquilidade.
“A boa qualidade do sono também é essencial, assim como o tratamento de comorbidades psíquicas. Quando esses pontos estão desregulados, há uma elevação de cortisol no organismo, o que ajuda a deprimir ainda mais a nossa resposta imunológica”, explica Érique Miranda.
Carteira de vacinação em dia
Manter a carteira de vacinação em dia é essencial não só para a proteção individual, mas também para a saúde coletiva. A imunização limita a circulação de vírus e bactérias, prevenindo surtos e epidemias que podem impactar toda a comunidade.
De acordo com o Ministério da Saúde, as vacinas são seguras e fortalecem o sistema imunológico, protegendo os indivíduos contra doenças que podem ser evitadas.
Quando adotada como estratégia de saúde pública, elas são um dos melhores investimentos em saúde, considerando o custo-benefício.
“Boa parte das vacinas tem eficácia muito elevada contra o adoecimento e, sobretudo, casos graves – o que inclui hospitalização e até a morte, particularmente em grupos de risco, tais como gestantes e extremos de idade. Sem dúvida os imunizantes representam a melhor proteção para o nosso sistema imunológico. Não dá para deixar de tomar”, reforça Érique.
Atenção à higiene adequada
Manter uma boa higiene é fundamental para reduzir o risco de infecções. O pneumologista e diretor médico da Melvi Saúde, Rodrigo Athanazio, destaca em entrevista à imprensa que os cuidados básicos de higiene que enfatizamos durante a pandemia de Covid-19 continuam sendo essenciais.
Lavar as mãos regularmente e evitar contato próximo com pessoas doentes para reduzir o risco de infecções são hábitos simples e eficientes.
"Se você estiver em um local com suspeita de surto, essa atenção deve ser redobrada. Além disso, dê preferência por água mineral e faça a limpeza correta dos alimentos, com água e hipoclorito de sódio", recomenda o médico.