O mês de março é marcado pela campanha Mar ço Azul-Marinho, que tem como objetivo conscientizar a população sobre o câncer colorretal, o segundo tipo de câncer mais frequente no Brasil. A iniciativa busca alertar sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da doença, cujo desenvolvimento está diretamente ligado ao estilo de vida.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio de 2023 e 2025, o Brasil deve registrar cerca de 44 mil novos casos por ano de câncer de intestino, ou câncer colorretal, com 70% concentrados nas regiões Sudeste e Sul. A doença afeta o intestino grosso e o reto, e pode se desenvolver a partir de pólipos que, se não detectados a tempo, podem evoluir para um tumor maligno.
Entre os principais fatores de risco estão a alimentação pobre em fibras e rica em ultraprocessados, sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e histórico familiar da doença. Segundo a oncologista clínica do NEO, Renata Brandão, a importância em falar desse tumor não está só em quão frequente ele é.
“O câncer colorretal é um câncer altamente prevenível, tratável e, principalmente, curável. Mais de 90% dos casos têm possibilidade de cura se diagnostica dos cedo. Infelizmente, mais de 75% dos pacientes de câncer colorretal iniciam o tratamento com o câncer avançado ou metastático”, disse.
A oncologista ressaltou, que a descoberta tardia desse câncer é causada por vários fatores, como desafios para agendar consultas com especialistas e a demora no resultado de exames. Mas a falta de conhecimento sobre esse tumor também contribui para esse cenário
Sintomas
Os sintomas do câncer colorretal podem ser sutis, a doença é silenciosa. “E sem sinais, não se investiga. Por isso que quando o câncer é pequeno o único jeito de encontrá-lo é a partir de exames de rastreamento, como a colonoscopia”, disse Renata Brandão, que alerta sobre os principais sintomas da doença: sangue nas fezes e fezes em fita, mudanças nos hábitos intestinais: diarreia ou constipação persistente, dor abdominal com frequência, cólicas ou inchaço, anemia, perda de peso sem motivo aparente e fadiga constante, náusea ou vômitos.
Fatores de Risco
A oncologista Renata Brandão explica que há fatores de risco evitáveis e não evitáveis. Entre os evitáveis estão o estilo de vida: consumo excessivo de alimentos industrializados e processados, dieta rica em gorduras saturadas e pobre em fibras, sedentarismo, obesidade, diabetes, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Já os considerados não evitáveis estão a idade, a maioria dos casos ocorrem em pessoas acima de 50 anos, a raça do paciente (pessoas negras têm uma maior incidência de câncer colorretal), histórico familiar, doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de crohn.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer colorretal é feito, a partir de uma suspeita clínica ou do rastreamento em pessoas com casos na família. O exame principal para detecção é a colonoscopia, recomendada para a população a partir dos 50 anos. Mas pessoas com risco aumentado ou alto de ter a doença, com histórico familiar de câncer colorretal e pólipos devem fazer a colonoscopia para rastreio antes dos 45 anos. Outro possível exame de rastreamento é o de sangue oculto nas fezes.
Em tratamento no NEO, a paciente Sônia Siqueira de Moura, 75 anos, mesmo com histórico familiar de câncer na família, não deu atenção devida aos sintomas da doença. Com agravamento de sangue nas fezes, diarreia, perda de peso e inflamação das veias do ânus e reto, ela procurou assistência médica.
“Eu deveria ter tido atenção aos sintomas no começo, mas achava que estava tudo bem, porque eles iam e voltavam. Após dois anos com os sintomas fui ao médico e realizei a colonoscopia, confirmando o tumor. Já fiz quimioterapia e agora vou fazer a cirurgia”, disse.
Walquíria Lopes, 39 anos, foi diagnosticada com câncer colorretal em julho de 2023. Ela conta que procurou ajuda médica devido aos sintomas que sentia: dor abdominal aguda, estufamento abdominal, dificuldades em evacuar, diarreia constante e anemia. A descoberta do tumor não foi no estágio inicial.
“Eu procurei o posto de saúde, devido os sintomas que eu estava sentindo, mas imaginei que pudesse ser problemas intestinais comuns, que passariam ao tomar o medicamento correto prescrito pelo médico. Receber o diagnóstico do câncer foi difícil, mas eu escolhi lutar contra a doença e pela minha vida. Fiz a cirurgia com implante da bolsa de colostomia e estou fazendo quimioterapia. Durante a cirurgia tive sepse abdominal, fiquei por meses na UTI, eu sou um milagre de Deus. Mantenho uma vida ativa, viajo, trabalho com vendas, abri uma loja de roupas que funciona na casa da minha mãe, e o
câncer não me parou”, disse
Tratamento
A doença é tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. O tratamento é individualizado e inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, terapia-alvo e imunoterapia. Quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores as possibilidades de cura.
Prevenção
A prevenção é com a adoção de um estilo de vida saudável, envolvendo a prática regular de exercícios físicos e uma dieta equilibrada. Deve-se evitar o consumo excessivo de carne vermelha, álcool e produtos processados e incluir frutas, verduras, legumes e fibras. Também é fundamental evitar o consumo de tabaco. As condições de saúde que possam aumentar o risco de câncer colorretal, como doenças inflamatórias intestinais, devem ser acompanhadas. Manter um peso saudável e controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol também são iniciativas que podem ajudar a reduzir o risco de tumores no cólon e no reto.