Lembrete

Marcius Túlio analisa as questões que envolvem a importância do vereador para uma cidade
domingo, 11 fevereiro, 2024

Há muito faço-me uma pergunta que me incomoda recorrentemente: QUAL É, DE FATO, A IMPORTÂNCIA DE UM VEREADOR PARA UMA CIDADE ou PARA QUE SERVE UM VEREADOR?

Como sou limitado, não consegui me responder a contento. Logo, inquieto, comecei a arguir outras pessoas de diversos segmentos de diversos níveis de conhecimento, classes sociais, religião e nada.

Algumas frases feitas logicamente apareceram de forma mecânica e automática: são os representantes do povo!
Como assim? Pergunto com o mesmo ritual. Aí a coisa desanda…

Partindo do princípio da pluralidade de partidos, uma verdadeira miscelânea, um autêntico oba-oba, criado exatamente para confundir o eleitor, garantindo uma representatividade ilusória, frágil e circense protagonizada pelas homéricas discussões que nunca chegam a um consenso que atenda as reais necessidades da municipalidade, a tese de representante popular cai por terra.

Todos sabemos, pela prática, que vereador de oposição ao executivo é um zero à esquerda em termos de “obras” sociais, as portas sempre lhe estarão fechadas e o caminho é bem mais longo. Lado outro, sendo situação, o caminho é pavimentado, mas os interesses não são legítimos, salvo raríssimas exceções.

Acredito, no entanto, na necessidade e na importância das casas legislativas ou “casas do povo”, desde que atuem com independência financeira, política e sobretudo moral, sem abrir mão, necessariamente da responsabilidade e probidade. A edilidade não pode ser tida e havida para realizar obras assistenciais ou populistas, deve agir como um catalizador nas ações políticas, sendo sempre fiscalizador e fazer a correição nas coisas públicas.

Sei também que chega ser uma utopia pensar assim, de fato o é, principalmente no Brasil, onde a política do assistencialismo já está incrustada nas nossas entranhas, mas também vale a pena sonhar que um dia daremos o primeiro passo.

O apoio político entre partidários pode e deve existir e hão de ser coesos e leais desde que resguardados os interesses da maioria real, do povo para o povo, alianças tendenciosas, escusas e deturpadas devem ser extirpadas.

Seria muito edificante para todos nós se as pessoas investidas no cargo de vereador valorizassem essa condição, respeitassem o cargo e sua importância, mas com atitudes, postura e transparência e não com bravatas e com distribuição de migalhas a título de brindes.

Por outro lado, como seria bom se nós, os eleitores, mortais que somos, nos déssemos o respectivo respeito na hora de escolhermos nossos representantes, deixando de lado as pequenas vantagens pessoais transitórias e a famosa “tietagem” que nos dá a sensação efêmera de poder.

Enquanto os dois lados, eleitores e eleitos, se satisfizerem com o ciclo vicioso que domina pacificamente os usos e costumes, enquanto não doer na própria carne, enquanto o comodismo nos isentar de responsabilidades, a roda da vida nos esmagará pouco a pouco até que o Leviatã se erga e viva por nós.

Nunca é demais lembrar que a Câmara de Vereadores é apenas uma das quatro casas chamadas do povo.

Paz e Luz.

Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais

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