O desaparecimento repentino de uma criança de 3 anos de idade na saída da escola, no dia 20 de maio de 2024, criou um drama familiar desesperador, até que tudo fosse resolvido, ou seja, até encontrarem a criança. O acontecimento serve de alerta para famílias que têm crianças estudando em escolas públicas e particulares, e também para os gestores da educação.
A história, contada pela mãe da criança, Gabriella Gross, é dramática. Ela conta que seu filho, estudante do CMEI Célio Rodrigues Coelho, uma creche pertencente ao Município de Governador Valadares, deixou a instituição ao fim do horário das aulas, sem que algum responsável ou funcionários da escola percebessem.
"Meu esposo me ligou por volta das 14h20 daquele dia (20/5) informando que estaria a caminho da instituição para buscar nosso filho. Chegando lá na escola, por volta das 14h55, ele solicitou ao porteiro que chamasse o nosso filho, só que o pedido era impossível de ser atendido, afinal, ninguém sabia onde a criança estava", disse ela.
Aflição
A aflição do pai do garoto foi aumentando à medida em que o filho não era encontrado, e outros pais iam chegando e pegando os filhos, felizes.
"Meu esposo continuou ali aguardando, aflito. Ele, mais uma vez, pediu para que chamassem o nosso filho, foi quando a professora regente da turma, se aproximou e perguntou ao porteiro se o garoto havia passado pelo portão. O porteiro imediatamente respondeu que o meu filho não havia passado por ali. Foi quando começaram as buscas, no interior do prédio da instituição. Eu entrei em contato com meu esposo, pois observei uma demora, foi quando ele informou que 'estavam procurando pelo nosso filho. Nesse momento eu tive a certeza de que o Vinícius não estava mais na instituição, e que ele havia saído desacompanhado", contou a mãe, Gabriella.
Foi nesse instante que Gabriella, que está grávida do seu quarto filho, saiu do seu apartamento, desesperada, com seu filho mais novo no colo, e, desesperada, começou a gritar pelas ruas, pedindo socorro, e ao mesmo tempo falando com seu esposo pelo celular, aguardando por notícias.
O garoto foi visto andando sozinho, por uma mãe que tem filho estudando no CMEI Célio Rodrigues Coelho. Essa mãe enviou uma mensagem de áudio para WhatsApp da mãe desesperada, perguntando se ela sabia que o filho estava indo para casa sozinho. Isso só aumentou o desespero de Gabriella.
Próximo à escola, há um acesso ao Rio Doce, fato que gerou aflição na família da criança desaparecida. E se a criança tivesse entrado nas águas do rio? Essa era a questão em meio ao drama familiar. Foto: Cedida por Gabriella Gross
O alívio
Foi aí que a notícia sobre o paradeiro da criança surgiu do inesperado. No caminho para a escola e gritando por ajuda, ela ouviu uma voz de mulher: "Ei, ele tá aqui!"
"Olhei para trás e vi o meu filho, com a mochila nas costas, junto dessa mulher. Nesse exato momento, informei meu marido que eu havia encontrado o nosso filho. Fui movida à emoção! Chorei e me emocionei muito! Abracei meu filho, mas eu precisava entender o que de fato havia acontecido. Foi quando a mulher, chamada Carla, secretária de um escritório de contabilidade que funciona embaixo do prédio onde moramos, me contou que um senhor chamado Virgílio, que estava dentro de um carro de aplicativo como passageiro, observou de dentro do carro, uma criança caminhando na Rua Israel Pinheiro desacompanhada de um adulto. Então, ele pediu para o motorista encostar o carro, desembarcou e perguntou ao meu filho onde estava a mãe dele. Meu filho respondeu que eu estava em casa", relembrou Gabriella.
Não satisfeito com a resposta da criança, Virgílio se direcionou a padaria próxima dali e perguntou se havia alguma das pessoas que estavam na padaria era responsável pela criança. As pessoas disseram que não conheciam o garoto.
"Então ele retornou para porta do meu prédio e aí foi quando a Carla se aproximou e reconheceu o Vinícius, e tentou fazer contato comigo, mas quase no mesmo instante, ela me viu, desesperada, pedindo ajuda", disse Gabriella, lembrando que ao abordar seu filho na rua, o moço chamado Virgílio, viu que, além de estar sozinha, a criança estudava no CMEI Célio Rodrigues Coelho, e que poderia ter saído desacompanhada da escola. "Esse moço me contou isso depois, quando fui à casa dele agradecer o amparo que ele deu ao meu filho", disse Gabriella.
Sozinho na rua
O fim do mistério sobre o desaparecimento da criança não pôs fim à indignação da mãe. Segundo ela, o filho fez todo caminho de volta para casa sozinho, andando cerca de 300 metros até chegar no prédio onde a sua família reside. Assim que encontrou o filho, a mãe avisou ao pai o reencontro.
E a indignação da mãe aumentou quando a professora da criança foi até a ela e o marido e responsabilizou a criança pela saída dele, sem a autorização da escola. "Foi quando eu a repreendi e falei que a responsabilidade era dela e da instituição. E que de forma alguma deveria culpar a criança, pois estamos tratando de uma criança, menor de idade, e que estava aos cuidados da instituição", disse Gabriella.
Gabriella Gross pede providências à Secretaria Municipal de Educação para que ela e seu esposo sejam informados do que de fato aconteceu.
A Prefeitura se manifesta
A veracidade dos fatos narrados pela mãe foi confirmada por vizinhos. A história dramática também foi registrada em um boletim de ocorrências registrado pela Polícia Militar de Minas Gerais. O Jornal da Cidade GV ouviu os gestores da educação do Município de Governador Valadares, por meio da Secretaria de Comunicação da Prefeitura. Em nota, a Prefeitura confirmou que, de fato, a criança saiu sozinha da escola e que está apurando as responsabilidades. Abaixo, a íntegra da nota.
A Secretaria de Educação (SMED) lamenta profundamente o ocorrido em uma das Instituições de Ensino, no dia 20/05/2024, aproximadamente às 15 horas, acerca de uma criança que saiu da escola e retornou para casa sem a presença do responsável.
Reconhecemos que o fato ocorrido é inaceitável, compreendemos a preocupação e angústia que causou a todos envolvidos.
O compromisso da SMED é garantir a segurança e o bem-estar de todos os educandos da Rede Municipal de Ensino, pautada nas ações de cuidar e educar.
Diante disso, informamos que a secretaria está apurando o fato ocorrido e todas as medidas cabíveis serão tomadas para evitar que situação semelhante ocorra no futuro.
Ressaltamos ainda que a equipe escolar foi devidamente orientada acerca dos protocolos de segurança de saída, a fim de garantir que as crianças sejam entregues aos responsáveis com segurança.