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Dona Marizânia recebe chave da nova casa. 'União e reconstrução é isso: é amor'

Marizânia Nolasco e o marido perderam quase tudo nas enchentes de Porto Alegre. Hoje, ao receber uma das unidades prometidas, ela disse: "O Governo Federal consegue enxergar o povo"
Marizânia e o marido recebem o contrato, ao lado de Lula, do ministro Jader Filho. Atrás e do governador Leite. Foto: Ricardo Stuckert/PR
sexta-feira, 16 agosto, 2024

DA AGÊNCIA GOV

"A água estava pelo pescoço, e no meu marido, na altura do peito. Naquela água tinha muito bicho. Ratazanas, aranhas. Os bichos vinham ao meu encontro e tentavam subir em mim. A água era tão gelada que doía até os ossos. Saímos dali sem nenhuma esperança do que ia acontecer no dia de amanhã. Sem emprego, sem nada, e acreditando em Deus", disse na manhã desta sexta (16) a auxiliar de serviços gerais Marizânia Nolasco de Boteleiro, logo após receber as chaves da nova casa, adquirida pela modalidade compra assistida, do Governo Federal, dentro do programa de Reconstrução do Rio Grande do Sul.

Leia também: Lula reforça compromisso do MCMV a quem perdeu tudo nas enchentes no RS

De improviso e, segundo ela, "de coração", dona Marizânia encerrou seu discurso: "União e reconstrução é isso: é amor. O [Governo} Federal consegue enxergar o povo mais frágil".

Ela e o marido, que sofre sequelas de um acidente de trabalho e tem dificuldades de locomoção, recorrendo a muletas, morava no bairro Sarandi, na capital Porto Alegre, quando foram surpreendidos pela súbita elevação das águas.

Ela e mais 111 famílias receberam chaves das novas casas, diretamente das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante de um grupo de ministros, do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de lideranças locais e de uma plateia que se formou.

As casas foram adquiridas pelo Governo Federal dentro da modalidade de compra assistida, em que móveis usados são reformados e entregues em caráter de emergência às vítimas das cheias que assolaram o estado entre abril e junho deste ano.

Na cerimônia desta sexta, realizada na capital gaúcha, o presidente Lula também comandou a entrega de 166 Unidades Habitacionais do empreendimento Morada da Fé e outras 80 do Dois Irmãos. Lula e ministros também oficializaram a assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) para agilizar a finalização de outras residências nos dois empreendimentos e nos conjuntos habitacionais Orquídea Libertária e Viver COOHAGIG, num total de 1.290 unidades habitacionais com conclusão prevista até o fim ano.


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O presidente Lula também acompanhou a autorização de início de obras de outras 320 moradias em Porto Alegre e de 40 na cidade de Dom Pedrito (40 UH). Com o ministro das Cidades, Jader Filho, ele também assinou portaria que autoriza a contratação de novas unidades em São Leopoldo, Taquara e Santa Cruz do Sul, que totalizam 480 unidades habitacionais.

Amor e rusgas

Ao concluir a cerimônia de entrega das moradias em Porto Alegre, após discursos de lideranças, Lula abriu sua fala fazendo referência ao que havia dito pouco antes o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que, sob apupos, afirmou estar acostumado com a hostilidade de claques (pessoas contratadas), método ao qual recorria, segundo o próprio governador, o antigo presidente. Lula disse: "Eduardo, se o outro presidente da República trazia claque para te vaiar, quem está aqui são trabalhadores. Não são claque". Foi aplaudido.

Lula também disse que tinha em mãos uma relação extensa de dados e números relativos ao auxílio que o Governo Federal tem prestado ao Rio Grande do Sul desde que a tragédia climática atingiu o estado. mas não ia citá-los no discurso. "Isso vai ser resultado de uma conversa minha com o governador, em algum momento", explicou o presidente. 

O mal-estar entre o público presente, o governador e o presidente era reflexo de entrevista que Leite concedera a uma rádio local, quando afirmou serem insuficientes os recursos e ações do Governo Federal no apoio aos gaúchos atingidos pelas cheias.

"Eu só quero dizer uma coisa para vocês. Quando teve seca neste estado, o Governo Federal esteve aqui com seis ministros, e eu duvido que em algum momento antes, algum governo tivesse dado a atenção que nós demos para combater a seca. Você recebeu todos os ministros", disse, olhando para o governador. "E eu posso dizer para vocês, olhando na cara de vocês, que eu duvido, que na história da República brasileira, houve um governo, além de Lula e Dilma, que cuidasse do Rio Grande do Sul como nós temos cuidado", completou, dirigindo-se ao público presente.

Lula ainda afirmou que o Minha Casa, Minha Vida é o cumprimento de preceito constitucional. "Eu faço porque está escrito na Constituição que moradia é um direito do cidadão e um dever do Estado", rechaçando princípio eleitoral.

"Eu trato todos os governadores com muito respeito, com muita delicadeza. Eu, se pudesse, já teria construído todas as casas, mas não é assim que acontece. A gente não inventa casa", prosseguiu, lembrando as exigências legais e burocráticas para a execução de obras.

O presidente encaminhou uma conclusão para a controvérsia: "Então, Eduardo, eu quero que toda a vez que você olhar para o Governo Federal, você saiba que você tem um amigo. Eu não disputo nada com você.  Não disputo popularidade. Eu não sou um gestor, eu sou um político". Eduardo Leite balançou a cabeça, sinalizando concordância.

Na parte da tarde, presidente e comitiva seguem no Rio Grande do Sul para entrega de ampliação do Centro Oncológico em Porto Alegre e expansão de malha rodoviária em São Leopoldo.

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