DA AGÊNCIA MINAS
A chegada da primavera vem transformar paisagens e trazer mais colorido para os jardins. Mas para quem produz flores o ano inteiro, o último trimestre é também época de muito trabalho para atender o aumento da demanda, que ocorre em virtude das festas de confraternização e formaturas.
Na região de Barbacena, um dos principais pólos de flores de corte do país, produtores comemoram movimento de reaquecimento no mercado, já deixando para trás a crise vivida durante a pandemia que prejudicou fortemente o setor.
A 52ª edição da Festa das Rosas e Flores de Barbacena, no Parque de Exposições Senador Bias Fortes, entre 10 e 13/10, confirma o bom momento.
O evento, consolidado como tradição da cidade, é oportunidade de celebrar o setor e o esforço dos produtores no cultivo de flores cada vez mais bonitas e duradouras. Diversos produtores de flores e plantas ornamentais da região participam da da Festa das Rosas, buscando vitrine para negócios e ampliar vendas.
“Os produtores de flores estão cada vez mais preocupados com a qualidade. Eles estão sempre adotando novas técnicas e buscando as mais belas variedades de rosas no mundo para encantar os clientes”, ressalta o coordenador de Regional de Culturas da Emater-MG, Carlos do Carmo Rodrigues.
Forte presença feminina
Na região atendida pela Unidade Regional da Emater-MG de São João del Rei (Uregi), os principais municípios produtores de flores de corte são Alfredo Vasconcelos, Antônio Carlos, Barbacena, Ressaquinha e São João del Rei, que tem produção anual de aproximadamente 1,2 milhão de dúzias de flores.
Além desses municípios, Tiradentes também se destaca na floricultura com produção de 30 mil vasos de orquídeas. Pela delicadeza que a atividade exige, o setor tem como característica o emprego elevado de mão de obra feminina.
Carlos comenta que o segmento de produção de flores enfrentou uma fase difícil com a pandemia, principalmente em 2020 e 2021, com a necessidade de isolamento das pessoas e o cancelamento de eventos, importante fonte de renda do setor.
“A pandemia foi um enorme desafio. Mas os produtores da região fizeram um grande esforço de vendas e conseguiram abrir mercados novos como São Paulo e em vendas virtuais. Essa rearticulação acabou fortalecendo a produção local e agora com a volta dos eventos o mercado está aquecido novamente”, diz o coordenador da Emater-MG.
Mercado desafiador
O produtor Mário Raimundo de Melo, do Sítio Candeias (Barbacena e Alfredo Vasconcelos), está no ramo há 27 anos e diz que a produção de flores sempre foi um negócio desafiador.
“É um mercado fechado e complexo. Em geral, os compradores já têm seus fornecedores e a atividade exige muito profissionalismo do produtor, pois é um produto extremamente delicado e muito perecível”, explica.
O agricultor conta que a produção de rosas tem várias etapas que envolvem muita dedicação e cuidado. O armazenamento, embalagem e transporte das flores também demanda atenção, como a necessidade do uso de câmaras frias.
“É um trabalho que exige muita mão-de-obra, pois tudo é feito artesanalmente (poda, retirada de espinhos, seleção das flores e outros)”, comenta o produtor.
Além do aumento da mão de obra, Mário destaca a elevação dos custos de energia elétrica (usada na irrigação e câmaras frias), nas embalagens plásticas, royalties das flores (cotadas em moedas estrangeiras), defensivos e outros insumos.
“Os custos de produção estão subindo muito, então o produtor tem de trabalhar com inteligência para não ter prejuízo”, alerta.
Mário comenta ainda que, para facilitar a comercialização, assim como outros produtores da região de Barbacena, faz parcerias e envia parte da produção para cooperativas.
“O fim de ano é uma época muita demanda por causa das formaturas e festas, por isso a gente trabalha muito para atender os pedidos. Para o réveillon, por exemplo, temos de produzir rosas brancas e amarelas”, explica o produtor que sempre procurar atender bem o cliente, receita de sucesso ao longo dos anos.
Exportação
De acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o mercado de flores e plantas no país, em 2023, chegou a R$17,8 bilhões.
No ano passado, as exportações de produtos da floricultura brasileira tiveram como destino 59 países, sendo os principais Holanda (34,6%), Estados Unidos (20,8%), Uruguai (15,2%), Itália e Bélgica.
Dados do sistema Safra Agrícola da Emater-MG mostram que a produção de Flores de Corte foi de 15,5 bilhões de dúzias, em 2023, em Minas Gerais, e este ano deve ser de 14, 3 bilhões de dúzias.
Os principais municípios produtores de flores de corte no estado são Andradas, Alfredo Vasconcelos, Jacutinga, Munhoz, Antonio Carlos e Barbacena.
Já a produção de flores envasadas foi de 942.330 vasos, em 2023, e a expectativa para 2024 é 947.330 vasos. Teófilo Otoni, Patos de Minas, Tiradentes, Itapeva e Nova Porteirinha são os principais produtores de flores de corte em Minas.