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Período de Estiagem preocupa Comitês de Bacia do Rio Doce

Os comitês têm trabalhado para minimizar os impactos da crise hídrica por meio de iniciativas hidroambientais
Nível do Rio Doce preocupa Comitês da Bacia do Rio Doce. Foto: Cata Caldeira
sexta-feira, 20 setembro, 2024

As chuvas abaixo da média histórica têm agravado a situação hidrológica na Bacia do Rio Doce.

A situação já obrigou os mais de 135 municípios mineiros a decretarem situação emergência hídrica em virtude da estiagem.

O dado representa 15% do Estado, segundo dados da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec).

O cenário é alarmante e tem preocupado os Comitês da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, que, por meio de iniciativas hidroambientais, têm trabalhado para minimizar os impactos da crise hídrica.

Estiagem Histórica

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce vem enfrentando períodos de estiagem cada vez mais severos, fazendo com que a vazão dos principais cursos d’água e reservatórios fiquem abaixo das médias históricas.   

Em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, às margens do Rio Doce, já é possível se deparar com longos trechos de bancos de areia onde deveria ter água.

O cenário também se repete em outros municípios. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce), José Carlos Loss, afirma que o momento é de ações em conjunto.

“Atualmente, a gente convive com uma vazão reduzida, em torno de 120m/3 s. Ou seja, bem abaixo do que se espera da média mínima, que gira entre 200m3/s e 230m3/s. E, além de trabalharmos o tema no âmbito da câmara técnica de eventos críticos, o momento é de ações em conjunto com a população, produtores rurais e indústrias, que precisam fazer a sua parte também. Todos os setores se tornam aliados importantes para enfrentarmos esse problema”, diz.

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Nível do Rio Doce preocupa Comitês da Bacia do Rio Doce. Foto: Cata Caldeira

De acordo com Loss, a crise hídrica não é culpa só da falta de chuvas. O desmatamento, a destruição de nascentes, a poluição das indústrias, assoreamento dos rios e o aumento significativo das queimadas são determinantes para o grave desequilíbrio hidrológico enfrentado no território.

“A Bacia do Rio Doce já vem sendo castigada com a degradação, histórico de ocupações irregulares e uso incorreto do solo, além de desmatamentos.  Todos esses agravantes prejudicam o ciclo natural de infiltração de água no solo. É importante frisar que temos um Plano Integrado de Recursos Hídricos (PIRH Doce), que, por meio de um diagnóstico sucinto, auxilia a identificar esses problemas e atua na revitalização da bacia. Muitas ações já foram concretizadas e outras estão em andamento. O objetivo é conseguir, a médio e longo prazo, reverter esse cenário de escassez hídrica, usando os recursos da cobrança de forma mais assertiva por meio de projetos estruturados”, afirma. 

Loss também preside a Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC), anteriormente denominada Câmara Técnica de Gestão de Cheias da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.  

Cabe à CTGEC propor diretrizes, planos e programas para monitorar e prevenir os efeitos dos eventos críticos na área da Bacia do Rio Doce, analisar mecanismos de articulação e cooperação entre o poder público, os setores usuários e a sociedade civil e acompanhar estudos, projetos e ações relacionadas com a ampliação, modernização e integração do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM).  

O SGB/CPRM é responsável pelo monitoramento da Bacia do Rio Doce, e, desde fevereiro, tem alertado para o cenário crítico de estiagens. 

“O período de chuvas entre 2023 e 2024 foi marcado por precipitações abaixo da média na Bacia do Rio Doce. Além disso, o período de estiagem atual começou um pouco mais cedo, o que reflete diretamente nos níveis dos rios, prolongando os episódios de baixa vazão na Bacia do Rio Doce. Apesar dos níveis não serem tão extremos, a situação atual requer acompanhamento e atenção, pois como ainda estamos em período de vazante, é necessário acompanharmos a evolução do cenário tendo em vista a escassez de chuvas na região. A previsão de precipitações é para acontecer somente no fim de setembro”, explicou o pesquisador em geociências, Bernardo Oliveira, responsável pela operação do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Doce (SAH Doce).  

Proteção das Nascentes é o Caminho

Responsáveis pela manutenção dos rios e córregos, as nascentes são essenciais para garantir a qualidade e quantidade de água na bacia.

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Através da Iniciativa Rio Vivo mais de 1.300 nascentes já foram cercadas. Foto: CBH Doce

Por meio da cobrança pelo uso da água, os Comitês da Bacia do Rio Doce têm aportado investimentos na melhoria da disponibilidade hídrica.

A iniciativa Rio Vivo, que reúne ações de controle das atividades geradoras de sedimentos, proteção de nascentes e APPs e expansão do saneamento rural vêm apresentando resultados significativos na bacia.

Até o momento, mais de 1.300 nascentes já foram cercadas na bacia. Mais de R$120 milhões já foram destinados pelos Comitês para execução das ações.

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