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Movimento lança campanha por R$ 650 milhões para a BR-381

Segundo coordenador do Movimento Pró-Vidas da BR-381, valor é necessário para garantir início das obras de duplicação em 2026.
Concessionária apresentou balanço de atividades nos primeiros meses desde que assumiu a BR-381. Foto: Elizabete Guimarães ALMG
quinta-feira, 26 junho, 2025

A luta pela duplicação da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares (Rio Doce) ganhou, nesta quarta-feira (25/6/25), nova bandeira e nova palavra de ordem, anunciadas durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir o planejamento e o andamento das obras da concessão da rodovia.

“Queremos lançar a campanha dos R$ 650 milhões”, afirmou o coordenador do Movimento Pró-Vidas da BR-381, Clésio Gonçalves. Segundo ele, este é o valor necessário no orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em 2026, para garantir que as obras de duplicação se iniciem no ano que vem. 

A conta do Movimento Pró-Vidas inclui R$ 350 milhões para obras nos dois lotes entre Belo Horizonte e Caeté (Região Metropolitana de Belo Horizonte - RMBH), R$ 150 milhões para reassentamento de famílias que ocupam áreas às margens da rodovia e R$ 150 milhões para desapropriações de propriedades onde ocorrerão as obras.

A audiência desta quarta-feira foi organizada pela Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG e solicitada pelo deputado Celinho Sintrocel (PCdoB). O objetivo foi avaliar as perspectivas tanto das obras previstas para o trecho entre Caeté e Governador Valadares, a cargo da concessionária chamada Nova 381, quanto do trajeto entre Caeté e Belo Horizonte, com obras sob responsabilidade do Dnit.

Este último percurso foi retirado da licitação pela necessidade de um grande número de desapropriação de imóveis. Após a sua duplicação, gerenciada pelo Dnit, será assumido pela concessionária. O trecho total concedido, entre BH e Governador Valadares, conhecido como “Rodovia da Morte”, tem 303 quilômetros. Com investimentos de mais de R$ 9 bilhões, ele será administrado pela iniciativa privada por 30 anos.

Clésio Gonçalves disse que após lançar a campanha dos R$ 650 milhões na audiência desta quarta, o Movimento Pró-Vidas vai procurar a bancada federal mineira na Câmara e no Senado, o Ministério dos Transportes e o Ministério da Fazenda para garantir os recursos necessários.

Ele também sugeriu que a Assembleia de Minas promova uma audiência pública com as famílias que devem ser reassentadas, para facilitar o acordo com os órgãos públicos. “Vamos nos empenhar para garantir as verbas necessárias no orçamento federal”, garantiu o deputado Celinho Sintrocel.

"Essa audiência, para mim, marca muito. Porque é a primeira audiência na Assembleia que mostra resultado para a BR-381."

Celinho Sintrocel
Dep. Celinho Sintrocel

O deputado acrescentou que buscará também conseguir recursos para a obra provenientes do acordo de Mariana, que foi firmado com as empresas Samarco e suas controladoras Vale e BHP Billington, para ressarcir os danos causados pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério localizada no município.

Orçamento e reassentamentos são possíveis obstáculos 

A insegurança com relação à garantia dos recursos no orçamento federal e um eventual desacordo com as famílias a serem reassentadas foram os principais obstáculos apontados pelos participantes da reunião para o cumprimento do cronograma de duplicação da BR-381.

De acordo com o superintendente regional do Dnit em Minas Gerais, Antônio Gabriel dos Santos, a previsão é que as obras terminem em 2028. Ele admitiu, no entanto, que é comum muitas obras deste tipo extrapolarem o prazo. “Isso depende principalmente de orçamento”,  ponderou. 

Por enquanto, nenhuma das obras de duplicação foi iniciada, nem no trecho a cargo do Dnit, nem naquele sob responsabilidade da concessionária. No trecho entre Belo Horizonte e Caeté, segundo Santos,  a prioridade em 2025 será o desenvolvimento do projeto de engenharia.

“Para iniciar a obra não é necessário que o projeto seja concluído em toda a extensão, pode ser feito por segmentos. A cobrança do ministro (dos transportes) Renan Filho é para que a obra comece esse ano”, disse o superintendente, sem garantir que isso acontecerá de fato. 

Uma prioridade apontada por ele no trecho a cargo do Dnit é a ponte sobre o Rio das Velhas. “Se começarmos a outra ponte paralela e liberar para passagem de veículos, mesmo com a obra em andamento, nós vamos eliminar um grande gargalo”, avaliou Antônio Santos.

A elaboração do projeto no trecho entre BH e Caeté está a cargo da Construtora Luiz Costa. O representante da empresa, Guilherme Coimbra Balsamão,  advertiu que o andamento da obra dependerá sobretudo da colaboração dos proprietários de terrenos às margens da rodovia. “Se não houver a anuência dos proprietários, nem adianta o projeto ficar pronto”, disse ele.

As obras de duplicação vão exigir o reassentamento de cerca de mil famílias, informou o diretor-presidente da Companhia Urbanizadora da Capital (Urbel), Claudius Vinícius Leite Pereira. Ele garantiu que a Urbel tem os instrumentos necessários para lhes garantir condições dignas de habitação.

O contato com as famílias deve ser iniciado depois que a Urbel receber do Dnit as informações cadastrais dos imóveis às margens da BR-381. Claudius Vinícius assegurou que a remoção e o reassentamento serão feitos com responsabilidade, para evitar a judicialização.

O diretor do Departamento de Obras Públicas do Ministério dos Transportes, Allan Magalhães Machado, reconheceu que esse trabalho é delicado, uma vez que precisa respeitar as particularidades das famílias que vivem ali, mas reforçou que o Dnit tem experiência na realização de grandes desapropriações.

Viaduto da Prainha é apontado como obra prioritária 

Quanto ao trecho entre Caeté e Governador Valadares, o diretor-presidente da concessionária Nova 381, Marcelo Bandeira Boaventura,  disse que a duplicação propriamente dita também será iniciada em 2026. A prioridade será o segmento no município de Antônio Dias, entre João Monlevade e Nova Era. 

Nesse trecho fica o Túnel da Prainha, onde o tráfego ocorre em mão dupla, impedindo a passagem de veículos de grande porte. Marcelo Boaventura afirmou que nos próximos 90 dias deverá ser realizada a obra do Viaduto da Prainha, uma alternativa que permitirá deixar o tráfego no túnel em mão única.

Enquanto isso, até julho de 2025, a prioridade é a recuperação do pavimento em todo o trecho sob concessão. Em agosto, segundo ele, será iniciada a instalação de sete bases operacionais com a estrutura de apoio. Também serão instaladas 26 torres para garantir o sinal 4G em toda a extensão da rodovia.

A atuação da concessionária foi elogiada tanto pelo coordenador do Movimento Pró-Vidas quanto pelo deputado Celinho Sintrocel e pela deputada federal Rosângela Reis (PL-MG), que também garantiram empenho pela destinação de recursos federais para obra de duplicação.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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