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Funcionários da Epamig continuam à espera de melhores salários

Dois anos após início de negociações com o Governo do Estado, pesquisadores ainda reivindicam melhorias nas condições de trabalho.
Os trabalhadores da Epamig argumentam que a pesquisa agropecuária é fundamental para o crescimento do agronegócio mineiro. Foto: Ramon Bitencourt ALMG
sexta-feira, 27 junho, 2025

Os funcionários da Empresa Mineira de Pesquisa Agropecuária (Epamig) continuam esperando por recomposição salarial e reestruturação do seu plano de carreira, dois anos após promessas feitas pelo Governo do Estado. 

Em reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quinta-feira (26/6/25), os trabalhadores da empresa mais uma vez reivindicaram a valorização da categoria.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião

A Associação dos Pesquisadores da Epamig (Aspe) cobra do Governo do Estado a adoção de medidas para assegurar melhores condições de trabalho; um novo plano de carreira, com regulamentação das atividades de pesquisador e professor; e a abertura de concurso público, uma vez que a última seleção para contratação de funcionários efetivos se deu em 2005.

Segundo o diretor-presidente da Aspe, José Carlos Fialho de Resende, a defasagem salarial acumulada nos últimos cinco anos chega a 27,7%. O salário inicial dos pesquisadores com doutorado da Epamig é de R$ 7.168,62, muito abaixo dos valores praticados por outras empresas de pesquisa agropecuária, como a Embrapa (R$ 17.727,86) e a Epagri, de Santa Catarina (R$ 15.010,40).

De acordo com o representante dos pesquisadores, os baixos salários geram desmotivação e êxodo de profissionais, com impactos negativos na pesquisa agropecuária. “Não estamos pedindo aumento; só queremos reposição salarial. Estamos empobrecendo”, afirmou. A empresa conta com 98 pesquisadores concursados e 42 contratados.

Os funcionários da Epamig ainda reclamaram das más condições de trabalho. Alguns chegam a utilizar recursos próprios para custear a realização de pesquisas. Outra reclamação diz respeito à suspensão do pagamento do vale refeição em casos de licença médica e licença-maternidade. 

A situação de tratoristas e outros funcionários das fazendas experimentais também é precária. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Pesquisa (Sintappi), Antônio Gomes Arcanjo, 41% dos funcionários da Epamig recebem apenas um salário mínimo.

Carlos Mário Paes Camacho, professor do Instituto Cândido Tostes, unidade da Epamig em Juiz de Fora (Zona da Mata), lamentou que as negociações inciadas há dois anos com o Governo do Estado não tiveram resultado. 

Ele ainda criticou a inclusão do prédio da instituição na lista de imóveis que serão utilizados para abater a dívida de Minas Gerais com a União, no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). “Este governo promove o desmantelamento do Estado porque é orientado por políticas neoliberais”, afirmou.

Governo diz que faz “investimentos robustos” em pesquisa científica

O subsecretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lucas Mendes de Faria Rosa Soares, rebateu as críticas dos funcionários da Epamig argumentando que o governo tem realizado “investimentos robustos” em pesquisa científica.

De acordo com o subsecretário, em 2024 a Epamig recebeu R$ 46 milhões para a realização de pesquisas. Os recursos foram utilizados para financiar bolsas de estudo, aquisição de equipamentos e melhorias estruturais.

Lucas Mendes frisou que os recursos destinados à pesquisa científica superam o mínimo constitucional. A Constituição Estadual determina a aplicação de 1% da receita corrente ordinária nessa área. Desde o ano passado, uma parcela dos recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig) é repassada à Epamig.

Comissão vai cobrar providências

O presidente da Comissão do Trabalho, deputado Betão (PT), que solicitou a realização da audiência pública, destacou a importância da Epamig para o agronegócio mineiro, mas lamentou que as reivindicações dos funcionários da empresa já duram dois anos, ainda sem uma resposta.

“Há, por parte do Governo do Estado, um desprezo com a Epamig, que se encontra com o quadro de cargos e salários completamente defasado”. 

Betão
Dep. Betão

Na próxima reunião da comissão, ele vai colocar em votação vários requerimentos cobrando providências para os problemas relatados nesta quinta-feira (26). Ele vai solicitar ao Governo do Estado a criação de um novo plano de carreira, a abertura de concurso público e a recomposição salarial dos funcionários da Epamig.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais


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