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Denúncia de assédio no Minas Tênis Clube motiva audiência

Também serão discutidas, na reunião, medidas para combater abusos e outras violências contra mulheres atletas
A deputada Ana Paula Siqueira é autora do requerimento de audiência pública sobre assédio e abuso contra mulheres atletas Foto: Luiz Santana/ALMG
segunda-feira, 3 junho, 2024

O assédio e o abuso contra mulheres atletas serão tema de audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (3/6/24), às 14 horas. A reunião foi requerida pela presidenta da comissão, deputada Ana Paula Siqueira (Rede).

Acompanhe a reunião ao vivo e participe do debate

A audiência, a ser realizada no Plenarinho II, foi motivada por denúncia de uma atleta de 17 anos de idade, da natação do Minas Tênis Clube, que teria sido vítima de xingamentos, insultos e constrangimentos por parte de seu técnico, durante os treinos. Recebido pela comissão, esse relato ainda não foi tornado público e deverá ser debatido no encontro.

Segundo a deputada Ana Paula Siqueira, a audiência pública tem o objetivo de ampliar o debate sobre o tema, romper o silêncio e cobrar medidas efetivas de prevenção, investigação e punição.

"O silenciamento dos casos provoca a subnotificação e esconde uma grave realidade. A construção de espaços seguros passa por maior conscientização das equipes e organizações e pelo estabelecimento de protocolos contra o assédio. É preciso mais igualdade de gênero para garantir que o esporte seja um espaço acolhedor e uma ferramenta de transformação social," afirma a parlamentar.

Levantamentos indicam alta proporção de casos de assédio no esporte

O assédio no esporte tem sido tema de debates nos últimos anos, em especial a partir de denúncias feitas por esportistas proeminentes.

A ex-nadadora brasileira Joanna Maranhão, por exemplo, afirmou ter sofrido abusos do seu treinador quando tinha nove anos de idade. Na época, ela não teve coragem de denunciar o caso.

A experiência levou Joanna Maranhão, que já representou o país em quatro olimpíadas, a pesquisar o tema no mestrado. Em pesquisa que ouviu 1.043 atletas, ela identificou que 93% dos entrevistados já sofreram abuso físico, sexual ou psicológico. Se considerado apenas o abuso sexual, 64% já foram vítimas.

Os dados são alarmantes. A jornalista Camila Alves fez um levantamento semelhante com 209 mulheres em times de futebol que participam do Campeonato Brasileiro Feminino, nas séries A1, A2 e A3. Delas, 52% relataram ter sofrido assédio sexual ou moral. No caso do assédio sexual, 26% disseram que já foram vítimas, enquanto 5% disseram que “acham” ter sido vítimas.

Lei do esporte só trata da questão em casos de vítimas adolescentes

Lei Geral do Esporte, publicada em 2023, tratou da questão pela primeira vez em uma legislação esportiva.

O tema, porém, ficou restrito a vítimas adolescentes. Em seu artigo 99, que trata do contrato especial de trabalho para atletas a partir de 16 anos, a lei indica que a organização esportiva precisa oferecer programa contínuo de orientação e suporte contra o abuso e a exploração sexual e instituir ouvidoria para receber denúncias de maus-tratos e exploração sexual de crianças e adolescentes.

A deputada Ana Paula Siqueira é autora de projeto de lei que institui a Política Estadual de Apoio à Mulher no Esporte (PL 57/23).

O texto prevê a promoção de ações de prevenção e combate à violência contra mulheres e meninas atletas.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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