Um longo caminho, com ladeiras íngremes, ruas de terra e trechos perigosos. Este é o percurso que muitos alunos de Ribeirão das Neves (Região Metropolitana de Belo Horizonte) precisam percorrer todos os dias para ir à escola.
O problema foi evidenciado mais uma vez nesta segunda-feira (16/6/25), durante visita da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) à Escola Estadual Manoel Martins de Melo. A presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), ouviu da comunidade reclamações sobre o fim do transporte escolar.
A situação é pior para os estudantes que moram no bairro Alto dos Menezes, que fica a cerca de 2 km de distância da escola. O ônibus escolar percorria o trajeto em cerca de 20 minutos. Mas, com a interrupção do serviço no começo deste ano, os alunos levam 50 minutos para ir a pé para a escola. As famílias não têm carro e não há transporte público para percorrer esse trajeto.
Maria Luíza dos Santos, aluna do 9º ano, contou que leva quase uma hora para ir para a escola e o mesmo tempo de viagem para voltar para casa. Nessa caminhada, precisa subir e descer ladeiras carregando uma mochila pesada com seus livros e cadernos. Quando chove, a situação fica ainda pior, uma vez que as ruas do bairro não têm asfalto e ficam enlameadas.
Algumas famílias conseguem pagar R$ 180 de mensalidade de uma van escolar. Mas muitos pais não têm condições de arcar com essa despesa. Para Juliete Duarte de Freitas, mãe de uma aluna do 7º ano, a situação é revoltante. “O coração da gente chora por dentro. Para não chorar perto dos meninos, a gente tem que chorar no quarto, escondido, pra eles não verem”, contou.
O cansaço da caminhada até a escola tem deixado os estudantes desmotivados. Segundo as mães, o desempenho escolar caiu porque muitos alunos chegam atrasados e não prestam atenção nas aulas. Muitos têm faltado às aulas, e o absenteísmo pode levar à suspensão do pagamento da Bolsa Família.
Estudantes e suas mães reclamam que o transporte escolar foi interrompido pela prefeitura sem consulta à comunidade. Passados quase seis meses desde o início do ano letivo, ainda não há uma solução para o problema.
Segundo a deputada Beatriz Cerqueira, a origem do problema está no projeto Mãos Dadas, por meio do qual o Governo do Estado municipalizou a gestão de escolas estaduais. “Ribeirão das Neves foi um município que aderiu ao Mãos Dadas sem ter feito um planejamento. Hoje, Estado e município ficam empurrando a responsabilidade um para o outro”, explicou.
Para a parlamentar, a dificuldade de acesso à escola imposta aos estudantes de Ribeirão das Neves configura uma “situação criminosa”. Ela pretende continuar cobrando providências para essa questão, em uma visita ao prefeito de Ribeirão das Neves e em uma nova audiência pública da Comissão de Educação.
Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais