Logo Jornal da Cidade - Governador Valadares

Comissão debate no Jequitinhonha violação de direitos de migrantes

Audiência pública em Berilo, nesta sexta (14), abordará denúncias de trabalho análogo à escravidão e até mesmo de tráfico de pessoas em municípios da região.
Grande parte dos casos de trabalho análogo à escravidão está em atividades rurais, como o cultivo da cana-de-açúcar Foto: Guilherme Bergamini ALMG
quinta-feira, 13 março, 2025

A Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) estará em Berilo, no Vale do Jequitinhonha, nesta sexta-feira (14/3/25), para debater a  vulnerabilidade de trabalhadores migrantes sujeitos ao crime de tráfico de pessoas ou a condições de trabalho análogo à escravidão.

A audiência pública será realizada a partir das 16 horas, na Câmara Municipal (Rua José Simões Costa, 25, Berilo) e foi solicitada pelo deputado Betão (PT), que preside a comissão e denuncia a ocorrência desses crimes em pelo menos cinco municípios da região, nos últimos 20 anos.

Consulte a pauta da reunião

Segundo levantamentos divulgados pelo gabinete do parlamentar, com base em dados da plataforma SmartLab, pelo menos 34 moradores de Berilo foram vítimas do trabalho análogo à escravidão e resgatadas em outros municípios da região entre 2023 e 2024, número que chega a 141 nos últimos 20 anos.

Entre 2023 e 2024, foram registrados nove casos em Minas Novas e outros nove em Jenipapo de Minas, 27 em Chapada do Norte, 12 em Francisco Badaró e quatro em Virgem da Lapa.

A plataforma SmartLab reúne dados da Organização Mundial do Trabalho e de dois ministérios, o do Trabalho e Emprego e o dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Na opinião de Betão, o monitoramento desses crimes ainda é precário, e um dos motivos seria a omissão do governo de Romeu Zema em cumprir a legislação fruto de projeto de autoria do deputado, a Lei 24.535, de 2023. Betão também aponta como um obstáculo a dificuldade em reunir informações sobre os crimes contra trabalhadores em tempo hábil.

A Lei 24.535 determina que o Estado divulgue, em site oficial, a relação de pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas ou com sede ou filial no Estado que, por exploração de trabalho em condições análogas à de escravo, forem incluídas no cadastro de empregadores do Ministério do Trabalho e Emprego, a chamada Lista Suja.

Minas lidera a Lista Suja

Minas Gerais está no topo da lista nacional do trabalho análogo à escravidão, divulgada semestralmente, em abril e outubro de cada ano. O Estado respondeu por 22% dos casos do País no último levantamento.  Alguns dados que se destacam na lista são os seguintes:

  • 80% dos empregadores da lista suja exercem atividade rural
  • 90% das vítimas são pessoas negras
  • 60% das vítimas são moradores locais
  • 40% das vítimas são imigrantes ou mão de obra externa 

“Quando olhamos o mapa econômico e social dos trabalhadores em situação análoga à escravidão a gente sempre se depara com locais afastados, como lavouras de café e plantio de cana, com estruturas extremamente precárias e, em sua maioria, com pessoas que desconhecem seus direitos trabalhistas”, frisa o deputado Betão sobre a importância da audiência na região.

"Além da divulgação da lista suja, que não tem ocorrido no governo Zema, a gente precisa melhorar não só a coleta de dados, mas também a forma de ampliar e agilizar o atendimento a esses trabalhadores. Sempre levando informação e garantindo os direitos a um trabalho digno.”

Betão
Dep. Betão

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Gostou? Compartilhe...

Leia as materias relacionadas

magnifiercrossmenu