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Blocos de Carnaval de BH cobram mais segurança para as mulheres

Campanhas contra o assédio sexual são consideradas insuficientes por representantes de agremiações que desfilam nas ruas da Capital.
Os principais atores do Carnaval de Belo Horizonte se reuniram em reunião nesta terça (3). Foto: Elizabete Guimarães/ALMG
terça-feira, 3 dezembro, 2024

Representantes de blocos carnavalescos e escolas de samba de Belo Horizonte cobraram, em reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta terça-feira (3/12/24), mais segurança para as mulheres no Carnaval

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Os participantes da reunião lembraram da realização de campanhas públicas de conscientização e de ações educativas promovidas pelos próprios blocos, conforme exigências do edital de patrocínio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

Mas todos consideraram essas iniciativas insuficientes para garantir maior segurança para as mulheres nos dias de festa nas ruas.

Representante de um dos maiores blocos de rua da Capital, o "Então Brilha!", Mariana Fonseca Freitas disse que a agremiação consegue garantir alguma segurança dentro das cordas, mas, fora dos desfiles, não existe garantia nenhuma. 

“Toda mulher que anda na rua no Carnaval já sofreu algum tipo de assédio. Por mais feminista que ela seja, na hora ela fica paralisada, sem reação. BH é uma cidade careta. Por isso, muita gente fica incomodada com uma mulher feliz, de maiô, com a bunda de fora andando na rua”, afirmou.

Representando o bloco "A Roda", Mariana Castro considerou insuficientes as campanhas educativas contra o assédio sexual. Para Gisele Duarte Maia, do bloco "Bruta Flor", é preciso investir em ações de formação em direitos humanos para a Polícia Militar e treinar mulheres para acolher as vítimas de violência durante o Carnaval. 

Já a vereadora eleita em Belo Horizonte Juhlia Santos defendeu a elaboração de um protocolo para prevenir a violência contra as mulheres e a população LGBTQIAPN+.

Ela considera fundamental o retorno dos plantões da Delegacia da Mulher durante o feriado de Carnaval e a garantia de não revitimização das mulheres agredidas no momento de registro da denúncia na polícia.

Falta de diálogo com o poder público é alvo de críticas

Os principais atores do Carnaval de Belo Horizonte também reclamaram de outras questões envolvendo a organização da festa popular.

A queixa mais comum foi de falta de diálogo com o poder público, especialmente a Belotur, responsável pelo planejamento e pela divulgação dos desfiles que reúnem milhares de foliões nas ruas da cidade.

O presidente da Associação dos Ambulantes, Adejailson Severo de Oliveira Andrade, reclamou do tratamento dispensado à categoria no último Carnaval.

Os interessados em conseguir uma credencial para vender cerveja e refrigerante nas ruas tiveram que esperar dias e noites em uma fila, para concluir o seu cadastramento. 

“Precisamos de mais diálogo (com a Belotur), não só durante o Carnaval. Estamos falando de pais e mães de família que não têm outra fonte de renda, a não ser nesses grandes eventos. Nossa classe foi humilhada pelos órgãos públicos da cidade”, afirmou.

Já o presidente da Liga das Escolas de Samba, Márcio Eustáquio Antunes de Souza, disse que a Belotur se exime de maiores responsabilidades no Carnaval por, segundo ele, considerar que os desfiles são uma manifestação espontânea da cultura popular. 

Belotur garante abertura para o diálogo

A diretora de eventos da Belotur, Daniele Araujo da Silva Rossi, ressaltou que a empresa reconhece a importância dos atores que fazem a festa acontecer nas ruas de Belo Horizonte.

“O carnaval não é feito pela Belotur; é feito por blocos de rua, blocos caricatos, escolas de samba, vendedores ambulantes e catadores de materiais recicláveis”, argumentou.

A representante da Belotur garantiu que tem reuniões agendadas com todos esses atores e reafirmou a abertura para o diálogo prévio para garantir apoio para a realização dos desfiles.

Ela ainda informou que algumas escolas de samba já começaram a receber o dinheiro da subvenção para a próxima edição da festa.

E adiantou que o protocolo Quebre o Silêncio vai aprimorar o acolhimento de vítimas de assédio sexual.

Festa se consolida como uma das maiores do País

Para a presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Ana Paula Siqueira (Rede), o Carnaval de Belo Horizonte vem se consolidando como uma das maiores festas populares do País.

“É um movimento feito por pessoas, que gera emprego e renda, fortalece os vendedores ambulantes e os produtores culturais e movimenta a economia local”, afirmou.

Ela defendeu maior diálogo do poder público com os atores do Carnaval, um processo mais eficiente de cadastramento dos ambulantes e a antecipação do pagamento do auxílio financeiro da Belotur para os blocos, de modo que eles tenham melhores condições de planejarem seus desfiles.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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