A adoção de um aplicativo para chamadas de urgência e emergência do Samu voltado para pessoas com deficiência auditiva foi discutida em audiência pública na manhã desta sexta-feira (13/6/25) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O aplicativo foi criado em trabalho de mestrado feito pelo enfermeiro Eder Julio Almeida e apresentado na reunião conjunta das comissões de Saúde e dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Embora a cobertura do Samu seja atualmente ampla e alcance a maior parte da população brasileira, o chamado é feito por telefone, o que dificulta o acesso por pessoas surdas. Como explicou Eder Almeida, essa dificuldade pode custar a vida dessas pessoas em casos, por exemplo, de infarto agudo, que exige o socorro rápido.
Por isso, ele desenvolveu o aplicativo batizado de “Socorro com as Mãos”. A pessoa que se cadastrar terá registrado todo o seu histórico de saúde, o que pode ajudar os atendentes a organizarem o atendimento. O pedido de ajuda poderá ser feito a partir de ícones, como um coração para casos de dores no peito, ou uma cobra para caso de acidentes com animais peçonhentos.
A proposta, de acordo com o convidado, é garantir a utilização do aplicativo pelo SUS e, em seguida, estender seu uso para outros órgãos, como as polícias e os bombeiros. A diretora da Faculdade de Medicina Uninassau, onde Eder Almeida desenvolveu o aplicativo durante o mestrado, disse que a tecnologia pode salvar vidas e garantir direitos.
A diretora de regulação do acesso de urgência e emergência da Secretaria Estadual de Saúde, Renata Machado, afirmou que mais de 90% da população mineira está na área de cobertura do Samu. Apesar disso, ela admitiu que pessoas com deficiências auditivas podem encontrar barreiras para acionar o serviço.
Tendo isso em vista, ela se colocou à disposição para levar a proposta para discussão na pasta que integra com vistas a integrar o aplicativo aos serviços. O deputado Mauro Tramonte (Republicanos) elogiou a iniciativa de Eder Almeida e se comprometeu a pressionar e a ajudar no avanço das negociações para a adoção do aplicativo no SUS.
A enfermeira Erika de Oliveira Santos, que participou do desenvolvimento do aplicativo, elogiou o interesse das autoridades. Ela lembrou que a implementação da ferramenta é de baixo custo e pode ter um alto impacto na vida das pessoas com deficiência auditiva.
Polícia Civil e Bombeiros também podem se beneficiar do aplicativo
Representantes da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros Militares também estiveram presentes e se mostraram abertos à adoção futura do aplicativo. A delegada Renata Tarbes Machado e o Ten. Cel dos bombeiros Paulo Eduardo Mesquita explicaram que as corporações já têm canais de acesso que funcionam por escrito, o aplicativo Emergência MG.
Como explicado pela delegada Renata Machado, há também a possibilidade de acessar a Polícia Civil por meio da Delegacia Virtual. Já o Ten. Cel Paulo Mesquita informou que o pedido de ajuda pode ser feito pelo aplicativo Emergência MG ou até por whatsapp ou pelo site. Esses canais podem viabilizar o acesso por pessoas com deficiências auditivas.
Uma das dificuldades desses canais é para pessoas com dificuldades para ler e escrever, por isso os representantes da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros disseram que o aplicativo Socorro com as Mãos pode ser útil. Nesse sentido, o vice-diretor da Escola Estadual Francisco Sales, Michael Rodrigues, lembrou que pessoas com surdez muitas vezes são alfabetizadas em libras e o uso do português pode ser difícil.
O aplicativo, que é mais visual, pode resolver essas dificuldades. Ele foi desenvolvido com linguagem em libras e com uma configuração de cores que facilita visualizar a tela em locais com muita luz e sol, por exemplo. Também tem redução do uso de dados, facilitando o acesso a ele em locais com rede de dados instável.
Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
