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Ambulatório de quimioterapia em Ubá deve ficar pronto no início de 2026

Unidade em obras já em andamento com investimento de R$ 15 milhões, foi tema de visita e audiência na cidade, nesta quinta (26).
Coordenadores das obras do ambulatório mostram planta da nova unidade a Grego da Fundação. Foto: Alexandre Netto ALMG
sexta-feira, 27 junho, 2025

Com investimento,s previstos de mais de R$ 15 milhões - R$ 13 milhões do governo de Minas e mais de R$ 2 milhões da Fundação Cristiano Varela (FCV) – as obras do Ambulatório de Quimioterápicos de Ubá (Mata), têm previsão de término em fevereiro de 2026. A informação foi repassada pelo deputado Grego da Fundação (PMN), que participou de reunião da Comissão Extraordinária de Prevenção e Enfrentamento ao Câncer, na tarde desta quinta-feira (26/6/25), nesse município.

A audiência pública foi uma das atividades que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou em Ubá, complementada por visita técnica à Casa de Saúde Padre Damião (onde se está construindo o ambulatório), na manhã desta quinta (26). Os dois eventos, solicitados por Grego da Fundação, reuniram autoridades e gestores locais e regionais da saúde, que manifestaram sua satisfação com o andamento das obras e seu agradecimento ao parlamentar.

O superintendente da FCV, Sérgio Henriques, disse que o ambulatório funcionará em dois pavimentos, seguindo o padrão do prédio existente, já centenário, que terá as fachadas históricas preservadas. No local, serão implantadas salas de quimioterapia e leitos para os pacientes. Ele ressaltou que o atendimento no novo estabelecimento se destinará apenas a adultos, continuando crianças e hematológicos (pacientes com câncer no sangue) a serem atendidos no Hospital do Câncer de Muriaé (HCM).

Segundo Henriques, o ambulatório de Ubá aliviará um pouco o HCM, uma vez que absorverá 20% dos cerca de 190 pacientes atendidos diariamente pela unidade de Muriaé. E destacou que, no momento da contratação dos 40 profissionais de saúde, a preferência será dada a pessoas de Ubá e região. Antes de começarem a atuar, eles serão treinados por médicos, enfermeiros e técnicos do HCM.

Diagnóstico precoce

O gestor ainda citou pesquisa do Instituto Nacional do Câncer de 2023 apontando que 22% dos casos que chegam àquela unidade são detectados no estágio 1 (localizado), 25% no estágio 2 (doença local), 22% no estágio 3 (câncer ainda controlável, mas pode estar localizado) e 31% no estágio 4 (metástase).

“Esse é um dado importante para o município, pois 70% dos casos que chegam ao Hospital de Muriaé não têm diagnóstico definitivo e a Fundação acaba fazendo essa detecção e realizando o tratamento”, concluiu.

Grego da Fundação disse que a nova unidade é o primeiro filho do Hospital do Câncer de Muriaé (Mata), que já atua há 30 anos.

“Chegamos aqui para trazer mais qualidade de vida ao povo, de Ubá e da região”, destacou. Ele lembrou que, nas condições atuais, um paciente de um município perto de Uba, como Mercês, para chegar a uma consulta às 7h30 no HCM, tem que acordar as 2 horas da manhã, para só voltar a sua cidade já à noite. “Já doente, o paciente fica ainda mais abatido física e psicologicamente”, lamentou. Com o atendimento em Ubá, essa situação vai melhorar substancialmente.

O deputado lembrou da história do ex-deputado Lael Varela, que criou a FCV, em homenagem a seu filho, Cristiano, que morreu precocemente. 

“Ele precisou amenizar sua dor aliviando a dor do próximo, com a criação da Fundação e consequente construção do hospital em Muriaé”, relatou. Atualmente, aquela unidade conta com 1400 colaboradores para atender a mais de 200 cidades, frisou.

Grego da Fundação citou estudos apontando o crescimento de 100% dos casos de câncer nos próximos 25 anos. 

“Precisamos estar à frente das demandas dessa doença e por isso, trabalhamos com planejamento e a chegada da unidade a Ubá faz parte desse projeto”, afirmou.

Por fim, completou que a FCV estava chegando ao município “para colaborar, e nunca complicar”. Também disse que o ambulatório iria se somar à grande rede de saúde de Ubá, oferecendo aquilo que não era ofertado antes. Dentro dessa linha, declarou que as contratações de profissionais para o ambulatório obedeceriam a critérios 100% técnicos, sem qualquer viés político. “Vamos contratar profissionais que tenham compromisso com essa causa, com o tratamento humanizado desses pacientes”, disse.

Importância da prevenção e do diagnóstico precoce é valorizada

Rosângela Alfenas, administradora do Hospital Santa Isabel, de Ubá, representou na reunião os hospitais locais e de outros municípios da região. Ela destacou que na unidade onde atua, de média complexidade, um dos poucos tratamentos não oferecidos é o do câncer, mas enfatizou que o diagnóstico é realizado. Grego da Fundação valorizou esse serviço de detecção e diagnóstico, considerando-o fundamental para a sequência do trabalho.

Com 50 anos de atuação na área de saúde, Alfenas pediu apoio às autoridades para que as instituições filantrópicas (como o Hospital Santa Isabel) sejam tratadas realmente como parceiras. “Nossos recursos são poucos; precisamos das emendas parlamentares para conseguirmos sobreviver”, reivindicou.

O secretário de saúde de Ubá, Paulo Vítor, realçou a importância da prevenção em saúde, especialmente quando o assunto é câncer:

“Quando se fala em prevenção, precisamos pensar nos nossos profissionais da atenção primária e em políticas públicas visando a conscientizar a população sobre a importância a essa área da saúde”.

Franklin Leandro Neto, gerente regional de Saúde de Ubá, da Secretaria de Estado de Saúde, reforçou que o investimento estadual vultoso no ambulatório confirmava “o compromisso do governo de Minas com a oferta de saúde com qualidade ao povo mineiro”. Ele valorizou o papel fundamental da Vigilância Sanitária estadual na estruturação dos serviços de saúde, de modo que sejam oferecidos todo rigor técnico.

Fernando Dutra Macedo, presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde de Ubá e Região (Simsaúde), avaliou que a instalação da nova unidade de oncologia representa uma evolução para toda a região. Também prefeito de Rio Pomba (Mata), ele acrescentou que 500 mil habitantes de 24 municípios são assistidos atualmente pelo consórcio de saúde.

O prefeito local, José Damato Neto, agradeceu à FCV e lembrou que a luta pela construção do ambulatório vem de muitos anos e agora o sonho está se tornando realidade. Sobre os investimentos municipais na saúde, destacou a compra de novos veículos, o aumento dos repasses para os Hospitais locais, Santa Isabel e São Vicente.

Curso de medicina 

Leonardo Couto, vice-reitor do Centro Universitário Governador Ozanam Coelho (Unifagoc), que sediou a audiência, afirmou ser um prazer receber a reunião neste que era o melhor centro universitário do estado, conforme avaliação do Ministério da Educação. O curso de medicina é um dos carros chefe do Unifagoc: dos 312 cursos avaliados, apenas seis obtiveram a nota máxima, sendo somente um fora de São Paulo, o de Ubá, considerado o quinto melhor do Brasil.

Por último, Paulo Filho, assessor do deputado federal Mizael Varela (PSD), valorizou o fato de o Hospital do Câncer de Muriaé atender a quase um terço dos municípios mineiros. Ele informou que foi realizada lá uma das primeiras cirurgias robóticas pelo SUS.

“Foi feito um investimento de quase R$ 20 milhões para fazer essa cirurgia em um paciente pobre, usuário do SUS”, comemorou ele, lembrando que de todas as cirurgias realizadas no HCM, a metade é pelo SUS. 

Ambulatório quase dobrará área de antiga casa de saúde

Pela manhã, o deputado Grego da Fundação, acompanhado do prefeito local, de autoridades estaduais e de gestores da FCV, fez uma visita técnica para ver as obras e conhecer a estrutura do Ambulatório de Quimioterápicos.

O gerente da obra pela Fundação, Marlon Canaan, informou que parte dela aproveitará o prédio existente, reformando uma área de 1700 m², e outros 1300 m² serão construídos para ampliação da unidade. No local já funciona a Casa de Saúde Padre Damião, conhecida como Colônia Padre Damião, que durante décadas atendeu pessoas com hanseníase. Depois de concluída a obra, a gestão da unidade ficará a cargo da Prefeitura. 

Ocupando uma área total de 3 mil m², o ambulatório de quimioterapia de Ubá contará, na Área Assistencial, com as seguintes dependências e equipamentos: 4 consultórios Médicos; recepção e espera, com 60 lugares; sala de infusão de Quimioterápicos com 16 poltronas, 3 leitos comuns e 1 de emergência; sala de coleta de exames laboratoriais, com 4 boxes (1 maca e 3 poltronas); farmácia de manipulação de quimioterápicos, contendo 2 capelas de fluxo laminar, farmácia de atendimento ambulatorial; e laboratório com processamento interno e salas técnicas.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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