POR HERMÍNIO FERNANDES
Como nos esportes olímpicos, o futebol também exige esforço, talento e estratégia. Para um atleta de alto nível alcançar uma medalha olímpica, ou seja, estar entre os melhores do mundo na sua modalidade, é necessário, além do incentivo financeiro, muita dedicação e foco.
O atleta, muitas vezes tem de abrir mão de grande parte de sua vida pessoal e dos prazeres que ela lhe oferece para alcançar um objetivo maior, e se tornar um campeão. E no futebol não é diferente, vou citar dois exemplos.
Primeiro, o Cruzeiro, de Ronaldo e Cia, que no início empolgou a todos e parecia que iria decolar, mas não passou de "voo de galinha". Ronaldo trouxe de volta o time para a primeira divisão do futebol brasileiro, mas pelo andar da carruagem, se continuasse à frente do time, muito provavelmente voltaria à estaca zero, ou seja, voltaria novamente para a série B, como ocorreu com o Valladolid, sua SAF no velho continente europeu, que pode ter sido uma mistura trágica de incompetência, despreparo e de falta de foco.
Uma vez que Ronaldo tinha que dedicar seu tempo a diversas empresas, ONG FENÔMENOS, a ODDZ NETWORK e TARA SPORTS, além, claro, do Valladolid e do Cruzeiro, após perder noites e mais noites de sono e ter seu patrimônio colocado em risco, como ele próprio revelou, Ronaldo, inteligentemente decidiu passar pra frente a SAF do Cruzeiro.
E quis o destino que o clube fosse para as mãos de um empresário torcedor fanático, que logo tratou de contratar um dos maiores gestores de futebol do Brasil, mineiro multicampeão e competentíssimo Alexandre Mattos, que imediatamente mudou a trajetória do time, o colocando para enfrentar os grandes do futebol brasileiro de igual por igual.
Talvez, o Atlético também precise mudar o rumo da direção, uma vez que os Mecenas chamados de R, que assim como Ronaldo também têm suas empresas particulares para administrar estas, por sinal muito maiores do que as do próprio Ronaldo, e que por sinal, nada têm a ver com esporte, muito menos futebol.
E com toda essa distância dificilmente as coisas dariam certo. Quando a SAF atleticana nasceu, seu sócio majoritário, Rubens Menin, chegou a dizer que os tempos difíceis do Galo haviam ficado para trás, e que a torcida poderia ir se acostumando com a conquista de títulos importantes.
Mas na prática, após o título do brasileiro de 2021, quando a SAF ainda não existia, o time vem acumulando fracassos em grandes competições e vem frustrando a torcida. E os problemas se acumulam.
O tão aguardado estádio do Galo tem dois problemas gravíssimos: o primeiro e mais difícil de se resolver é a acústica, que é horrível. Ou seja, todo aquele barulho que a massa atleticana sempre fez, seja no Mineirão ou no Independência, que causava arrepios nos adversários, praticamente desapareceu.
Outro problema gravíssimo, o tapete, ou seja, o gramado, aquele onde a bola precisa rolar e os jogadores precisam correr, desde a inauguração se encontra abaixo da crítica, pra não dizer algo pior.
Neste ano, por exemplo, o clube teve de abrir mão de receitas milionárias, como aluguel da arena para alguns shows, para tentar preservar o gramado, mas que não resolveu o problema voltando um pouco no tempo, quando Alexandre Kalil assumiu o Galo um pouco antes ser Campeão da Libertadores em 2013. Ele montou uma comissão técnica com os melhores profissionais do Brasil em cada profissão. Carlinhos Neves, preparador físico; o diretor de futebol era o saudoso Eduardo Maluf; e Cuca pra dirigir o time, ele que é considerado o maior treinador da história do Atlético.
Já a atual diretoria, após a saída de Rodrigo Caetano para a Seleção Brasileira, resolveu apostar em um ídolo da torcida, mas que não tinha nenhuma experiência como diretor de futebol. O ex-goleiro Victor, agora Victor Bagy, e para treinador Gabriel Milito, que apesar de ser aprovado por grande parte da mídia, não possuía nenhum título de expressão no futebol.
O seu primeiro título veio com o Galo campeão estadual, apesar de ter ficado apenas três jogos à frente, Gabriel Milito tem um de um histórico de pedir demissão em praticamente todos os clubes em que trabalhou.
Resta saber se no Galo ele faria o mesmo, já que a diretoria do clube mineiro lhe ofereceu uma multa milionária caso fosse demitido. Adepto de improvisações e mudanças táticas dentro de uma mesma partida, ele adota um esquema tático posicional que acaba tirando a liberdade e a criatividade dos jogadores de ataque.
Mas ao mesmo tempo, troca de posição os jogadores de defesa, segundo o treinador um determinado jogador é zagueiro quando defende e volante quando tem a bola e sai para o jogo, o outro zagueiro é lateral com a posse de bola e zagueiro quando está defendendo. O que parece ser bonito no papel pode ser fatal quando o time perde a bola e leva um contra-ataque deixando a defesa exposta e o time desequilibrado.
Parece que os jogadores não estão conseguindo assimilar o tatiquês de Gabriel Milito, já que o time não conseguiu vencer o CRB no primeiro jogo da Copa do Brasil e amarga apenas a nona posição no brasileirão.
Vale lembrar que o “professor” recebe cerca de R$ 1,5 milhão por mês no Galo, salário cinco vezes maior que o de Fernando Seabra, do Cruzeiro, que recebe R$ 250 mil, e colocou o seu time na quinta posição, e está a apenas 5 pontos do líder Flamengo.
Talvez essa seja uma prova de que no futebol ou nos esportes de alto rendimento não existe sorte e sim trabalho, foco e simplicidade.
Nas olimpíadas, parabenizamos a Rebeca Andrade pela medalha de prata individual e todas as demais atletas da ginástica olímpica pela medalha de bronze por equipe, ambas inéditas para o Brasil na competição olímpica, e a Bia Souza, medalha de ouro no judô, na categoria acima de 78 quilos. Bia tem 26 anos, é paulista e disputou sua primeira olimpíada.
Até o fechamento desta edição, o Brasil somava 1 medalha de ouro, 3 de prata e 3 de bronze.
Sobre o autor
Hermínio Fernandes e comentarista esportivo