A endometriose é uma doença que modifica o funcionamento da camada interna do útero, fazendo com que as células que revestem o órgão acabem crescendo fora dele, causando sangramentos, dor e lesões. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos da doença levam à infertilidade. Natália Brandão, professora do curso de Medicina da UNIVALE e ginecologista, explica um pouco mais sobre o assunto.
Estágio inicial da endometriose
Alguns dos principais sintomas da endometriose são cólicas intensas fora do período menstrual, inchaço na região do abdômen, dores para urinar, evacuar, durante e após o sexo, além de menstruação irregular e dificuldades para engravidar. Natália explica que a doença pode se apresentar de maneira assintomática em até 20% das mulheres e, na apresentação clínica, os sintomas não parecem específicos para a endometriose.
“É muito variável. Nenhum desses sintomas, como dismenorreia (dor no período menstrual), dispareunia (dor na relação sexual), dor pélvica não cíclica, disúria (dor ao urinar), alterações nos hábitos intestinais e, frequentemente, infertilidade, são específicos para a endometriose. Isso, muitas vezes, dificulta o seu diagnóstico. Portanto, a história clínica de cada paciente, buscando sintomas positivos e antecedentes pessoais e familiares, são imprescindíveis para a investigação da endometriose”, explica a ginecologista.
Diagnóstico da endometriose
Natália explica que o fato de não existir um achado clínico patognomônico (único, exclusivo da endometriose), dentre outros fatores, faz com que esse diagnóstico seja, muitas vezes, inconclusivo. Portanto, é necessário que uma triagem inicial, com a identificação dos sintomas, auxilie na determinação de um grupo de alto risco, que é conduzido para recursos de diagnóstico mais específicos.
“O diagnóstico da endometriose pode ser fortemente sugerido pela ultrassonografia transvaginal direcionada e pela ressonância magnética. Até o momento, o exame padrão-ouro para o diagnóstico de endometriose é a laparoscopia, e o consequente estudo histológico das lesões encontradas. A identificação visual ou histológica/laboratorial do tecido endometrial na cavidade pélvica é o melhor método disponível de diagnóstico para endometriose e também o mais usado rotineiramente na prática clínica”, explica.
Tratamento da endometriose
A ginecologista conta que o tratamento é individualizado para cada paciente, levando em conta os sintomas e o impacto da doença na rotina e na qualidade de vida. Além disso, Natália destaca a importância do envolvimento, sempre que possível, de uma equipe multidisciplinar especializada, que busque um tratamento que atinja todos os aspectos da vida da paciente que possam ter sido lesados.
“O uso de terapias medicamentosas é baseado no fato de que a endometriose responde aos hormônios e os contraceptivos orais estão entre as opções mais usadas. O tratamento clínico medicamentoso para a dor pélvica associada à endometriose tem altas taxas de sucesso. A escolha deve respeitar a individualidade de cada paciente, englobando aspectos fisiológicos e até financeiros”.
Comenta Natália.