A programação da Semana do Meio Ambiente na UNIVALE incluiu discussões sobre a obra “Saneamento Básico, o filme”, reunindo docentes e estudantes em reflexões ambientais na formação dos futuros profissionais de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, e Engenharia Civil e Ambiental. O debate aconteceu na noite de 3 de junho, após exibição do filme do diretor Jorge Furtado, protagonizado por Fernanda Torres, Wagner Moura e Camila Pitanga.
A história de “Saneamento Básico, o filme” se passa em uma comunidade rural no interior do Rio Grande do Sul, onde moradores reivindicam à Prefeitura a construção de uma fossa séptica. Com a falta de verbas para a obra, um grupo de habitantes capta recursos para a produção de um filme, sob pretexto de construir a fossa com o orçamento do produto audiovisual. O debate foi coordenado pela professora Patrícia Falco Genovez, do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT), com participação dos docentes Maria Terezinha Bretas Vilarino, Arthur Campos Coelho e Isabela Piccolo Maciel.
Patrícia destaca que a obra “Saneamento Básico, o filme” provocou reflexões sobre construção de espaços urbanos dignos, sustentáveis e socialmente justos; também debatendo a urgência de integrar infraestrutura básica – como fossas sépticas, rede de esgoto e drenagem – aos projetos de desenvolvimento urbano; e analisando a interdependência entre saneamento e qualidade ambiental, mostrando como a ausência de tratamento de esgoto em uma comunidade pode comprometer solos, corpos d'água e a biodiversidade, além de causar doenças de veiculação hídrica.
“A ausência de infraestrutura básica no vilarejo retratado escancara o descaso com o planejamento territorial e a falta de políticas de habitação integradas ao saneamento. A cena em que a comunidade tenta construir a fossa com recursos escassos evidencia como a carência de planejamento e de investimento adequado compromete a saúde pública e a dignidade dos moradores. O humor do filme ajuda a escancarar o paradoxo entre exigências burocráticas e a realidade vivida pelas comunidades, estimulando o pensamento de forma sistêmica, crítica e interdisciplinar. Ao assistir ao filme durante a Semana do Meio Ambiente, os estudantes foram convidados a sair da técnica pela técnica e refletir sobre o impacto social e ecológico de seus futuros projetos”, salientou a docente.
Presente ao debate, Lavínia Dias da Silva é aluna do 5º período de Arquitetura e considera “Saneamento Básico, o filme” uma obra que evidencia a falta de políticas públicas voltadas a soluções sustentáveis e viáveis a problemas básicos da população.
“Saneamento básico não deveria ser algo inacessível ou ignorado, deveria ser prioridade número um, antes de qualquer obra pública ou projeto de embelezamento urbano. Não adianta nada ter uma cidade ‘bonita’ se a população vive sem dignidade. Fazer esse tipo de discussão durante a Semana do Meio Ambiente é essencial. A gente precisa parar de romantizar a data, como se plantar uma árvore resolvesse tudo. É importante, sim, mas não é só isso. A gente precisa mostrar a realidade, expor as problemáticas que muita gente não enxerga, seja por costume cultural, por falta de informação, ou até por desistência de acreditar que pode mudar”, declarou a estudante.



Fotos: Divulgação Univale