Jornal da Cidade GV - Governador Valadares comemora 87 anos de emancipação em 30 de janeiro. A Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce faz parte dessa história. Fale sobre a importância da Cooperativa nessa história.
João Marques - A Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce tem orgulho de suas raízes firmemente estabelecidas em Governador Vala- dares. Paralelamente ao desenvolvimento da cidade, a Cooperativa nasceu, cresceu e continua gerando frutos que contribuem significativamente para o desenvolvimento sustentável da região. Fundada há 66 anos com uma missão clara — desenvolver a cadeia produtiva do leite e transformar a vida de seus cooperados —, a Cooperativa trabalha incansavelmente para fortalecer a agropecuária local e regional. Esse trabalho se dá por meio do apoio aos cooperados e da valorização dos produtos da terra, que impulsionam e fortalecem a economia.
Desde sua fundação, a Cooperativa sempre esteve na vanguarda no que diz respeito ao cuidado com as pessoas e às comunidades onde está inserida. No passado, oferecia atendimento odontológico por meio de um trailer itinerante. Hoje, promove educação contínua através de treinamentos e do Comitê Educativo, gera prosperidade pelo incentivo ao trabalho, disponibiliza tecnologia de ponta a preços jus- tos e acessíveis, e oferece acompanhamento técnico de alta qualidade com assistência especializada. Além disso, facilita o acesso a insumos e incentivos para a produção agropecuária através de seu Armazém, contribuindo diretamente para a geração de empregos e para o crescimento sustentável da região.
Ao longo dos anos, acompanhamos as transformações de Governador Valadares e crescemos juntos, impulsionando a economia local e fortalecendo o progresso do setor agropecuário.
Jornal da Cidade GV - O senhor é um entusiasta do cooperativismo. Como o cooperativismo é um agente de desenvolvimento econômico, qual é o diferencial?
João Marques- O cooperativismo se destaca por unir forças e criar oportunidades coletivas. No nosso setor, ele permite que pequenos e médios produtores tenham acesso a capacitações, tecnologias, crédito e coragem para se posicionar de forma mais competitiva no mercado.
Além disso, fortalece a economia local, já que toda receita gerada por meio desse modelo de negócio é distribuída entre os cooperados, fa- zendo com que a riqueza permaneça na região.
Um dos grandes diferenciais do modelo cooperativista é que ele não tem como objetivo apenas o lucro, mas também o desenvolvimen- to contínuo de todos os envolvidos em suas operações, promovendo, assim, um ciclo virtuoso de crescimento sustentável.
Dados nacionais e internacionais confirmam que o cooperativismo é o melhor modelo para empreender, pois aqui todos crescem — e crescem juntos.
Jornal da Cidade GV - O agronegócio regional vai bem? Quais as perspectivas para o ano que se inicia?
João Marques - O agronegócio é global e depende de diversas variáveis, como condições climáticas, oscilações do dólar e a capacidade de compra e de consumo dos cidadãos. Quando o agronegócio vai bem no Brasil ou no mundo, nossa região também se beneficia. No entanto, o setor no Brasil vem enfrentando uma série de desafios, sejam eles climáticos ou estruturais.
Na esfera regional, enfrentamos problemas significativos, como a precariedade das estradas, que são essenciais para o escoamento da produção agropecuária. A falta de infraestrutura adequada impacta diretamente o agronegócio local. Apesar disso, algumas empresas, propriedades e produtores rurais têm se destacado graças ao uso de tecnologias e ao acesso a conhecimentos técnicos.
Embora o agronegócio regional registre avanços, eles ainda são tímidos e dependem, em grande parte, de ações governamentais. Um exemplo claro é a questão energética: muitas propriedades rurais en- frentam dificuldades com a falta de energia suficiente para manter sistemas de irrigação. Além disso, os problemas no escoamento da produção devido às más condições das estradas continuam sendo um entrave significativo.
O agronegócio depende, portanto, de uma infraestrutura eficiente e de diversos fatores externos e internos. Superar esses desafios é essencial para o crescimento sustentável do setor na nossa região e no país como um todo.
Jornal da Cidade GV - A nova administração do município pode desenvolver várias ações em benefício do agro regional. Quais o senhor sugere?
A nova administração, sem dúvida, pode colaborar significativamente com o agronegócio, e isso já está acontecendo. Já realizamos reuniões estruturantes para criar uma pauta positiva que apoie o setor. A nossa região, composta por muitos pequenos e médio produtores, além de trabalhadores rurais e moradores de distritos e pequenos municípios depende diretamente de um ambiente político favorável, com políticas públicas que promovam avanços no campo.
É essencial garantir condições básicas para as propriedades rurais, como acesso à saúde, educação e infraestrutura. Isso inclui oferecer escolas de qualidade, conectividade por internet e telefonia, além de resolver questões energéticas, garantindo energia suficiente para atender às demandas do setor. Também é fundamental investir em infraestrutura básica, como moradia, saneamento, abastecimento de água tratada e esgoto, para proporcionar melhores condições de vida e trabalho para os produtores e suas famílias.
Além disso, a nova administração já demonstra comprometimento em melhorar pontos críticos, como as estradas, que são essenciais para o escoamento da produção agrícola e agropecuária. A Secretaria da Agricultura está empenhada em levar conhecimento técnico ao campo, atuando como uma ponte entre os pequenos produtores e as soluções necessárias para aumentar sua produtividade.
Um ponto importante é o fortalecimento de programas que co- nectem a produção local com iniciativas sociais, como o fornecimento de alimentos para escolas, creches e outros espaços comunitários. Dessa forma, o agronegócio não apenas movimenta a economia, mas também impacta positivamente a vida das pessoas, promovendo o desenvolvimento sustentável em nossa região.
Jornal da Cidade GV - Fique a vontade para suas considerações finais...
João Marques - Como palavra final, gostaria de expressar o orgulho de fazer parte deste movimento formado por pessoas com determinação e vontade de trabalhar e realizar. No entanto, é fundamental que haja políticas públicas estruturantes para apoiar esse esforço.
Vivemos um momento desafiador, marcado por juros elevados, o que dificulta o acesso ao crédito e impacta diretamente o setor. Nesse cenário, é essencial que o Governo Federal, estadual e municipal atue de forma integrada, implementando medidas que favoreçam o desenvolvimento e a sustentabilidade de nossas atividades.