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Desafios e superações de 2023 na agropecuária da região

A colunista Gi Xavier, do Jornal da Cidade, entrevistou o Presidente da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, João Marques, sobre os desafios e superações do agronegócio regional. Confira!
Gi Xavier no gabinete do presidente da Cooperativa, João Marques. Foto: Divulgação GX
quarta-feira, 10 janeiro, 2024

Por Gi Xavier

Gi Xavier: O ano de 2023 foi um ano de grandes desafios para o produtor rural. Vamos começar falando sobre a alta de importações de leite e derivados, o que resultou em impactos negativos para a produção nacional. Como a cooperativa e os cooperados enfrentaram essa situação? Há uma iniciativa junto ao poder público para fiscalizar essas importações?

João Marques: O leite não é um produto que tem o preço fixado, e a atividade leiteira no Brasil passa por um período de evolução em melhora genética, pois existe um tripé para produzir leite: É preciso boa genética, boa alimentação animal e um bom manejo, então o país está passando por esse processo de evolução.

Mundo a fora o leite é subsidiado e ou, já chegaram a um patamar de produtividade maior, o Brasil já evoluiu muito saindo de 4 pra 7 ou 8 kg de leite por animal em média, mas nós estamos concorrendo com um universo onde por exemplo, na Argentina e Uruguai há animais que produzem em média 28 a 30 kg de leite, com isso o Mercosul se torna mais competitivo e o Brasil que historicamente já importa leite desses países, neste ano praticamente dobrou o patamar de importação, com isso prejudicando a nossa cadeia produtiva leiteira.

Essa importação tão elevada nos prejudicou, pois o leite produzido no mercado internacional é mais barato do que o leite que nós conseguimos produzir no Brasil e isso pode enfraquecer a cadeia produtiva no nosso país. Praticamente 98% dos municípios mineiros produzem leite, e é preciso um olhar mais atento dos governos, especialmente o Governo Federal principalmente quanto à infraestrutura para o crescimento dessa cadeia produtiva.

Temos apresentado propostas sobre as importações do Mercosul e ainda não obtivemos ações concretas do Governo Federal que viesse trazer tranquilidade ao produtor. Temos alguns projetos junto ao poder executivo, dentre eles a aquisição de mais leite para as famílias inscritas no Programa Bolsa Família para distribuição às crianças, pois leite é um alimento essencial para a saúde e criando assim um vínculo entre a atividade e o programa.

Gi Xavier: Onda de calor e grande período de seca. Estamos passando pelo fenômeno climático “Super El Niño”. Fale um pouco sobre as ações preventivas que a instituição promoveu para superação de mais um desafio para quem tem uma empresa a céu aberto como o produtor, sendo que o clima é um fator extremamente importante para o sucesso da produção.

João Marques: Nós já preocupados com isso, convidamos o climatologista Dr. Ruibran dos Reis, para uma conversa com os produtores, onde ele nos passou o que poderia acontecer. A Cooperativa é a mola de informação, levando para o produtor o que há de melhor em conhecimento. Realmente vivemos uma onda de super calor na região, o que não é fácil para o bem estar animal.

Hoje nós estamos na área da SUDENE, pois ficou comprovado que o IDH e o clima em que vivemos é praticamente similar ao do Nordeste. Mas apesar de já estarmos na área da SUDENE ela ainda não chegou de fato para os nossos produtores e isso temos colocado nas esferas governamentais. Estivemos com o Ministro do Desenvolvimento Agrário, também estivemos com o Secretário Estadual de Agricultura, mostrando para eles justamente isso, que precisamos ter um tratamento igualitário às regiões que estão na área da SUDENE, pois o nosso produtor está sacrificado, ele é o produtor que precisa manter a atividade onde ele retira o sustento da família. Então, nós esperamos das esferas governamentais ações que possam amenizar a situação do nosso produtor.

Gi Xavier: Mesmo com todos os desafios deste ano, a cooperativa demonstrou mais uma vez confiança e credibilidade com o Bônus Fidelidade aos cooperados. Qual a importância do sistema cooperativista, visto que nossa região é constituída em sua maioria por pequenos e médios produtores?

João Marques: O cooperativismo é algo que brilha aos nossos olhos, tanto que brilhou há 64 anos nos olhos de pessoas pioneiras aqui em Governador Valadares, que entenderam que, se agrupasse as pessoas, poderia se criar uma sociedade chamada Cooperativa, para promover o desenvolvimento do Leste de Minas Gerais. Hoje a Cooperativa está presente em 52 municípios e temos o prazer em dizer que aqui a gente trabalha gerando riqueza para as pessoas, esse leite que chega até aqui se transforma nesse produto maravilhoso, chamado “Produtos Ibituruna” presente em vários estados do Brasil. Além disso, a gente agrega valor ao trabalho daqueles que estão aqui nessa fábrica, com mais de 400 colaboradores diretos, mais de 1000 produtores, as famílias envolvidas, os tratoristas, vaqueiros, motoristas, uma rede maravilhosa que é formada através do cooperativismo.

O Bônus Fidelidade é para aquelas pessoas que acreditam no cooperativismo, e esse cooperado fiel, ele recebeu 0,05 centavos de Real a mais por todo o leite que ele forneceu desde janeiro até o mês de novembro. Portanto, é um prazer enorme fazer parte desse movimento e estar diretor dessa Cooperativa que promove o desenvolvimento no Vale do Rio Doce.

Gi Xavier: Quais são as expectativas para 2024?

João Marques: Renovamos a esperança, que através de um bom trabalho somos capazes de obter bons resultados ao nosso produtor, com as orientações técnicas dos especialistas como veterinário, agrônomo e zootecnista, trabalhando a qualidade do leite na propriedade. E dizer ao nosso produtor e ao nosso consumidor que nós teremos no próximo ano (2024) novos produtos, para levar o melhor do leite, produzido aqui na nossa cidade e região até às famílias.

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