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Marcius Túlio, articulista do Jornal da Cidade GV, analisa o voto no processo democrático
Imagem ilustrativa do TSE, Urna Eletrônica. Foto: Antônio Augusto/Ascom/TSE
domingo, 7 abril, 2024

por Marcius Túlio

Pelo calendário brasileiro, estamos em ano eleitoral. Como não poderia deixar de ser, as campanhas eleitorais se acirram, notadamente por se tratar de eleições municipais que, segundo especialistas, são as eleições mais difíceis, pelo nível de competitividade, bem como as mais importantes pois definem os destinos dos municípios.

Deixando de lado as peculiaridades atinentes a cada município, por suas características e as conhecidas e infindáveis mazelas típicas do embate eleitoral brasileiro, especialmente nesse nível, proponho uma linha de raciocínio às vezes deixada de lado no processo de escolha.

Equivocadamente considerado o símbolo máximo de democracia, o escrutínio popular nos municípios gera ansiedades, esperança, decepções e angústias a todos os atores, mas consequências mesmo, aos eleitores, aos munícipes de boa fé.

O sistema presidencialista adotado pela Constituição de 1988 se desdobra até chegar aos municípios, oferecendo ao eleitor a escolha do seu administrador, o Chefe do Poder Executivo ou o Prefeito e os representantes populares, os vereadores, cujas atribuições são definidas em vasta legislação própria.

A participação popular na administração pública é algo inatingível, quase uma utopia, para tanto, emerge a figura do vereador que, em tese, tem acesso ao Prefeito, e a este leva os anseios da população. Em linhas gerais, o quadro está pronto e acabado, só daqui a quatro anos pode ser alterado.

Entretanto, algo muito mais sensível, mais significativo está oculto ou adormecido, por assim dizer.
O perfil dos vereadores eleitos ou votados com assiduidade, por ser o político mais próximo do povo, define o padrão de comportamento dos munícipes, logo, define o perfil da população abrangida. Formando assim um ambiente fértil para investidas eleitoreiras.

Dependendo do perfil do vereador, pode-se saber, por exemplo, o que a população de determinado bairro quer ouvir nas campanhas futuras, é fato notável e lamentável, considerando que a escolha daquele vereador definiu isso.

É comum detectar vereadores detentores de vários mandatos seguidos sepultarem seus compromissos durante o mandato atual para retomá-lo na próxima campanha, é comum também que mudem o foco de acordos, buscando adequá-los ao perfil desenhado na última eleição, sempre buscando seu lugar ao sol, enquanto os verdadeiros interesses populares continuam sendo moeda de troca.

Desse jogo, se aproveitam Prefeitos, Deputados, Governadores, Senadores e até Presidentes da República quando fazem a correta leitura do perfil do eleitorado em cada localidade, afinando seu discurso de acordo com o padrão  definido pela eleição dos seus vereadores, da base, do “chão da fábrica”.

Trata-se, inequivocamente, da eleição mais importante do cenário político no Brasil, a de vereador, pois é onde externaremos nossos anseios, preocupações, decepções e o mais importante, nossa dignidade, nosso perfil como civilização que pretendemos ser. O processo de escolha deve ser nosso, do eleitor, já que os partidos pouco se importam nessa escolha, somente almejam assentos que lhes garanta a sobrevivência.

É fundamental nesse jogo que se busque informações sobre as escolhas de candidatos por parte dos partidos políticos que por força de lei os apresentam ao eleitorado, é fundamental que defendamos o nosso perfil, nossa identidade.

Não há mais lugar para votos de protesto ou o voto para “esculhambar” a eleição, não há mais lugar para voto por simples nepotismo ou visando vantagens pessoais o futuro de nossa geração depende disso.

O arrependimento é muito importante, bíblico até, mas aqui na Terra, pode não ser eficaz e o preço pode ser muito caro.

Paz e Luz.

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