Por Gi Xavier
Você já deve ter percebido que aquela xícara de café tradicional consumida por nós brasileiros tem ficado cada vez mais cara, e que o preço do chocolate também teve mudanças consideráveis devido à alta do cacau. Essas duas iguarias, muito consumidas no Brasil, têm sido pauta de grandes canais de notícias, informando que pode faltar cacau e café no mundo.
Se continuarmos nesse ritmo, pedir um cafezinho e chocolate em uma cafeteria em breve se tornará algo luxuoso. Mas o que pode estar causando essa alta de preço e escassez desses frutos? Pesquisadores apontam como fator principal para essa questão as mudanças climáticas. Estudos mostram que, até 2050, metade das terras que hoje são utilizadas para o cultivo de café no mundo poderão ser extintas, e as áreas de cultivo do cacau na América Latina podem ser reduzidas em 88% na mesma data, devido à alta das temperaturas.
Em entrevista à nossa coluna, o especialista em fruticultura, Erli Röpke, nos explica um pouco mais sobre o fenômeno que vem acontecendo com esses dois frutos. Segundo o empresário e consultor, o mercado consumidor de café no mundo está aumentando expressivamente. De acordo com Erli, o Brasil tem avançado em técnicas de colheita mecânica, o que facilita o manejo, por outro lado, alguns países têm apresentado dificuldades na produção do fruto.
“O cacau e o café estão na mesma direção, quando se fala em alta. O aumento do consumo de cacau puro tem impulsionado o mercado; outro fator é que países da África que é um dos maiores continentes produtores de cacau no mundo, também estão tendo dificuldade com a produção e com pragas na plantação, assim como o Brasil teve a ‘Vassoura de Bruxa’ nas décadas de 80 e 90, alguns hoje enfrentam problemas com a ‘Monila’, que é uma doença fúngica perigosa”, afirma Erli Röpke.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de café no Brasil registrou em torno de 58 milhões de sacas em 2024. Desse total, Minas Gerais foi responsável por aproximadamente 30 milhões de sacas. Enquanto isso, a produção de cacau no país, concentrada principalmente no Pará e na Bahia, registrou uma queda significativa em torno de 18% em relação a 2023, de acordo com os dados da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
Uma esperança de melhoria para um futuro com segurança alimentar pode ser a tecnologia. “O cacau está saindo de sua zona tradicional de plantio, partindo para plantios ‘tecnificados’, ou associados com outras plantações frutíferas, como banana, açaí ou coco, que contribuem para o aumento da renda na fazenda produtora. A mecanização, roçagem, pulverização feitas com máquinas, têm ajudado bastante a melhorar o processo, tanto do custo, quanto na qualidade da amêndoa”, completa o especialista em fruticultura, Erli Röpke.
Entender e mitigar esses desafios por meio de pesquisas avançadas, será essencial para garantir que o café e o cacau continuem presentes nas mesas brasileiras. Afinal, garantir um futuro próspero desses frutos no Brasil é investir em nossa cultura, economia e em momentos simples e deliciosos que fazem parte do nosso dia a dia.
Sobre a autora:
Gi Xavier (@agiselexavier), valadarense que ama a cidade,formada em pedagogia, empresária no ramo comercial, é também, comunicadora,locutora e executiva da Abrasel Vale do Rio Doce.