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A bola está de luto!  

O comentarista esportivo e articulista do Jornal da Cidade GV, Hermínio Fernandes, faz um breve histórico do Franz Beckenbauer
Franz Beckenbauer, de branco, em foto reproduzida da Internet, importante documento do jogo final da Copa de 1974, entre Alemanha e Holanda. Foto: Divulgação
quarta-feira, 10 janeiro, 2024

Por Hermínio Fernandes

O mundo do futebol acaba de perder duas lendas: Franz Beckenbauer nos deixou aos 78 anos, e Mário Jorge Lobo Zagallo, o nosso multicampeão Zagallo, que neste ano completaria 95 anos.

Primeiro vamos lembrar um pouco de Beckenbauer, o maior jogador de futebol da história da Alemanha, que na visão de Carlos Alberto Torres, o Capitão do tri, em 1970, foi o segundo maior jogador que viu jogar, perdendo apenas para Pelé.                                   

Em seu país, Beckenbauer também era conhecido como Kaizer, que traduzido para o nosso idioma quer dizer Imperador. Ficou marcado pela elegância para jogar, seja no desarme ou para sair jogando, e também por finalizar o gol. São 109 gols oficiais, porém, alguns relatos mostram que foram 120 gols no total. Parece pouco, mas não podemos esquecer que estamos tratando de um zagueiro.                                        

Para os mais jovens terem uma ideia, já que a grande maioria não pôde assisti-lo jogar, ele foi responsável por criar uma nova posição dentro do esquema tático de jogo. Foi a partir de Franz Beckenbauer que surgiu a posição de líbero.

Depois deles, vieram outros como o italiano Franco Baresi, mas nada que se compara com tamanha elegância, firmeza e precisão do Kaizer alemão sempre jogando de cabeça erguida e olhando mais o campo de jogo e o posicionamento dos jogadores do que a bola propriamente dita.

É quase impossível descrever esse jogador, aliás não podemos compará-lo com os colegas de profissão, sem citar três partidas, sendo duas delas como jogador e uma como treinador da seleção alemã.

A primeira, em 1970, na semifinal da Copa do Mundo no México. A lendária partida contra a seleção italiana, que foi decidida na prorrogação e que teve nada mais nada menos do que 5 gols em 17 minutos, todos na prorrogação contra a squadra azzurra, que havia eliminado os donos da casa por 4x1.

Já a Alemanha derrotou a atual campeã Inglaterra, reeditando a final de 1966, vencida pelos ingleses, mas dessa vez os alemães lavaram a alma e mandaram os ingleses pra casa fazendo 2x0, sendo o primeiro gol marcado por Beckenbauer.

Nessa partida, ele sofreu uma grave lesão no ombro depois de bela arrancada pelo meio campo na qual deixou os marcadores para trás e prestes a sair cara a cara com o grande goleiro britânico Gordon Banks, que sofreu forte entrada do jogador de defesa inglês, que o obrigou a jogar o restante da partida com o braço preso a uma tipoia, mas parece que um braço não fez falta para o imperador, que fez um dos melhores jogos com a camisa da seleção alemã. Mas não teve jeito, deu Itália 3x2, seja por azar ou por obra do destino, que já devia ter previsto que nossa seleção, a maior de todas as copas, fosse a campeã em cima da Seleção italiana na copa de 1970.

Não tivesse ele, Beckenbauer, se lesionado, talvez a história tivesse sido diferente, mas como sabemos o ‘se' não existe na vida real, nem mesmo no futebol.

A segunda partida histórica foi a grande final de 1974 em que Franz foi decisivo na defesa, para conseguir parar a genial seleção da Holanda chamada de carrossel holandês ou simplesmente laranja mecânica, de Johan Cruyff e Cia., que havia eliminado o Brasil por 2x0, com gols marcados por Gerd Müller e Paul Breitner. 

A final de 1974 entre Alemanha e Holanda foi considerada até 2022 como a maior final de Copa do Mundo de todos os tempos. A terceira grande partida de Franz Beckenbauer, agora como treinador, foi a final da copa de 1990, contra a seleção da Argentina, atual campeã, que tinha ninguém menos que Maradona como estrela maior.

Em uma entrevista na véspera da final, promovida por um canal de televisão, o Capitão do Tri, Carlos Alberto Torres fez uma ligação telefônica para o amigo Beckenbauer e fez 2 perguntas a ele: por que perderam a final de 1986 contra a mesma Argentina de Maradona e o que ele faria diferente para ganhar dessa vez? Com a elegância de sempre e sem mistérios, ele disse que os argentinos eram melhores em 1986, Maradona estava no auge e eram melhores do que eles, mas que dessa vez, eles venceriam a revanche.

Franz disse ainda que colocaria seu melhor jogador, Lothar Matthaus, para marcar a estrela argentina, já que ambos haviam se enfrentado pelo Campeonato Italiano,  Franz pela Internazionale, de Milão, e Maradona pelo Napoli.

Assim, Beckenbauer fez e deu certo: Alemanha 1x0 na Argentina, com gol de pênalti convertido por Lothar Matthaus. Na próxima coluna falaremos da outra lenda do futebol que nos deixou, o supercampeão Mário Jorge Lobo Zagallo, que também merece todo nosso respeito.      

Críticas e sugestões para essa coluna herminiojf@hotmail.com

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