Uma sessão solene na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), realizada no dia 30 de outubro, proposta pela deputada estadual Luciane Carminatti (PT), homenageou 69 mulheres cientistas, reconhecidas por seu trabalho, representatividade e legado na produção científica nas mais diversas áreas.
Entre as homenageadas estava a professora doutora Glaucia Oliveira Assis, valadarense que iniciou sua trajetória acadêmica como aluna. Desde 2022 ela é professora da Universidade Vale do Rio Doce, no Mestrado Gestão Integrada do Território (GIT-Univale).
Segundo a deputada Carminatti, a homenagem foi proposta para celebrar a excelência feminina na pesquisa e na produção de conhecimento, se tornando ainda mais significativa por marcar o primeiro ano em que a ciência voltou a ser valorizada como política pública no Brasil, recebendo investimentos e sendo tratada como um pilar de desenvolvimento.
“Em Santa Catarina e no Brasil, as mulheres cientistas têm desempenhado um papel fundamental na produção do conhecimento científico, demonstrando seu protagonismo e dando valiosas contribuições para a sociedade”, disse a deputada.
Estatísticas mostram desigualdade
Embora não existam informações consolidadas por estado, dados nacionais e internacionais reforçam que a participação feminina na ciência enfrenta barreiras. De acordo com a deputada, o relatório mais recente da UNESCO, de 2018, aponta que apenas 28% dos cientistas em todo o mundo são mulheres. Entre os prêmios Nobel relacionados com disciplinas científicas (como Medicina, Física e Química), apenas 19 mulheres (3%) foram premiadas. No Brasil, as pesquisadoras representam cerca de 40%.
“A luta pela igualdade de gênero e pelo reconhecimento de suas contribuições é uma parte essencial do progresso e da evolução da sociedade”, defendeu a deputada.
Glaucia Assis agradeceu a homenagem e ficou feliz com o reconhecimento. Ela disse que as mulheres cientistas atuam na invisibilidade, embora ocupem espaço significativo na produção científica nas universidades e órgãos de pesquisa. Glaucia, que é bolsista de produtividade do CNPq, revela a realidade das mulheres cientistas. "Ainda somos menos mulheres com esse tipo de bolsa em relação aos homens e embora tenhamos mais mulheres pesquisando, recebemos menos financiamentos e ocupamos menos cargos de liderança", disse.
Família comemorou a homenagem
A família de Glaucia Assis, que mora em Governador Valadares, comemorou o reconhecimento do trabalho científico desenvolvido por ela no Brasil e no mundo. A psicóloga Gisele Assis, irmã de Glaucia, disse que sua família recebeu a notícia sobre a homenagem, concedida pela Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, com muita alegria e orgulho.
"Ver a minha irmã, Gláucia de Oliveira Assis, sendo homenageada em sessão solene da ALESC, entre as mulheres cientistas, tendo o justo reconhecimento pelo seu belo trabalho como pesquisadora e militante em questões do universo feminino e também pela imigração, foi maravilhoso. É o reconhecimento do trabalho de uma mulher negra, do interior, que fez Ciências Sociais por não ter como cursar jornalismo, mas que acima de tudo desejava transformar e conhecer o mundo", disse Gisele.
Para Gisele, Glaucia construiu uma trajetória brilhante como professora "desvendando o ir e vir das pessoas por diversas parte do mundo, concomitante e entrelaçado às pesquisas e projetos que lançam um olhar e um lugar de visibilidade e respeito para às mulheres", disse.
A professora Sueli Siqueira, doutora da Univale e pesquisadora dos assuntos relacionados à migração de brasileiros para países estrangeiros, também comemorou o reconhecimento da atuação científica da professora Glaucia pela ALESC.
"Glaucia, além de educadora e pesquisadora, com uma significativa produção científica, é uma mulher da ciência que não se limita em teorizar, analisar as questões sociais. Ela é um exemplo de envolvimento e luta junto com aos grupos vulneráveis. Sinto-me orgulhosa de ser sua parceira nesta linda caminhada de estudo e pesquisas", disse.
Com informações da ALESC
