A Campanha Agosto Lilás é realizada durante em agosto para conscientizar a população sobre como identificar e reagir em casos de violência contra a mulher.
Durante todo este mês, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) estão realizando atividades e oficinas sobre o tema.
Hoje (28), o encerramento das ações realizadas pelo CRAS do Santa Efigênia foi marcado por uma roda de conversa com a delegada de Polícia Civil, dra. Adelina Xavier. O encontro aconteceu no CEU das Artes.

Foto: Divulgação PMGV
Para Maria do Carmo Rodrigues, a Zizi, o encontro foi ótimo. “Já fui vítima de violência e isso abala a gente para o resto da vida. Na época, vivia na roça e, como cresci vendo minha mãe sofrer violência em casa, achava que isso era normal”, contou.
Aparecida Alencar estava tão empolgada com a Campanha Agosto Lilás que exibia com orgulho o cartaz que confeccionou.
“Eu achei maravilhoso! Convidei todo mundo do meu Facebook e WhatsApp para vir participar. Fiz o cartaz e vim lá de casa até aqui mostrando para os homens na rua. Achei interessante porque, além de nos esclarecer sobre as formas de violência, a delegada também sentou para ouvir as mulheres que foram vítimas”, destacou.
A dona de casa Teresa Coelho Barbosa Pinheiro viu na roda de conversa a oportunidade para ajudar uma amiga.
“Ela sofre com violência doméstica há muitos anos. Sempre desabafou comigo; ela já passou por todas as formas de violência contra a mulher, mas não é de falar com outras pessoas. Hoje, ela teve a oportunidade de contar isso tudo para a delegada. Vou ajudá-la a ir lá na delegacia fazer a denúncia”, afirmou.
Para a dra. Adelina Xavier, a repressão dos sentimentos masculinos na infância acaba gerando violência na fase adulta.

Foto: Divulgação PMGV
“Eles aprendem a não demonstrar sentimentos porque, se demonstram, são considerados menos homens. Então, eles crescem com isso, o que acaba se tornando uma grande panela de pressão porque eles vão só acumulando sentimentos e não foi ensinado a eles como controlar emoções – e uma hora isso estoura. E, quando estoura, atinge quem está mais perto. No caso dos homens, quem está mais perto, em regra, são mulheres, são as esposas, as companheiras, os filhos”. Para a delegada, uma das formas de evitar a reincidência da violência doméstica são os grupos de terapia de homens. “Esses grupos de reflexão tem uma equipe multidisciplinar e ajudam os homens a compreender e a lidar com emoções e frustrações. E os resultados para esse tipo de trabalho é muito proveitoso. Um exemplo disso é o Projeto Dialogar, desenvolvido pela Polícia Civil de Belo Horizonte, em que 98% dos homens que frequentaram as atividades não reincidiram na violência contra as mulheres”, explicou.
A coordenadora do CRAS Santa Efigênia, Michelle Vieira Amaral, vê na realização da roda de conversa um momento de acolhimento da comunidade.
“É um trabalho relevante porque a comunidade, as mulheres, precisam desse acolhimento, de ter oportunidade de esclarecer dúvidas e falar sobre o assunto”, declarou.
“Hoje, a gente viu na prática o quão importante é desmistificar este tema, tirando o medo dessas mulheres de falar, de se expor e de ser suporte para aquelas que ainda tem medo”, declarou a referência do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Cláudia Casimiro Rosendo.
Secom/PMGV