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Prefeito cobra intervenção da justiça na repactuação do caso Mariana

O pedido foi feito em coletiva de imprensa que reuniu prefeitos de cidades atingidas pela maior tragédia ambiental do mundo
Os prefeitos das cidades afetadas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, se reuniram, nesta quarta-feira (21), em Belo Horizonte. Foto: Divulgação PMGV
quarta-feira, 21 fevereiro, 2024

Os prefeitos das cidades afetadas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, se reuniram, nesta quarta-feira (21), em Belo Horizonte, para uma entrevista coletiva com o objetivo de cobrar maior rigor por parte da justiça brasileira quanto ao destravamento das renegociações.

A coletiva aconteceu no auditório da Associação Mineira de Municípios (AMM). As palavras indignação e frustação pautaram os discursos.

Desde o rompimento da barragem, há oito anos, os municípios envolvidos têm trabalhado incansavelmente para mitigar os danos e restaurar a normalidade em suas comunidades. Para fortalecer essa luta, foi criado o Fórum Permanente dos Prefeitos da Bacia do Rio Doce.

No entanto, os esforços realizados até o momento não alcançaram os resultados esperados, gerando indignação. Durante a reunião, os prefeitos puderam compartilhar suas experiências, frustrações e preocupações quanto à repactuação das ações de recuperação do Rio Doce.

O prefeito de Governador Valadares, a maior cidade atingida pelos rejeitos da barragem, André Merlo, demostrou sua insatisfação com o acordo e explicou os problemas que têm enfrentado desde a tragédia ambiental.

“Até hoje a população continua sofrendo, desrespeitada, com poucas reparações e compensações. As empresas anunciam que querem a repactuação, mas elas estão empurrando para frente o acordo. E depois, queriam dividir o pagamento em 15 anos. Um absurdo. E agora estão reduzindo para oito anos. O nosso desejo é que seja em cinco anos.

Em Valadares, temos a construção de uma nova captação de água, porque ainda captamos 100% da água do Rio Doce. Segundo a Fundação Renova, a nova adutora está pronta, mas não foi entregue com funcionalidade.

A água do SAAE tem ISO 9001, nós temos segurança hídrica, mas a tragédia em si criou uma questão cultural de tal forma que as pessoas não quererem consumir a água oriunda do rio. Além disso, o Hospital Regional que está para ser concluído com o recurso destinado da tragédia, está parado também”, destacou.

Além disso, o prefeito André Merlo se lembrou das últimas enchentes de Valadares, da lama de rejeitos que invade as ruas dos bairros ribeirinhos.

“Em sete anos, tivemos cinco enchentes. O rio está assoreado pela lama. As empresas não aceitam isso. Temos ações do Município contra as empresas mostrando que a lama do rejeito está lá. Hoje, quando tem enchente e precisamos limpar a cidade, temos que usar caminhões e máquinas pesadas para limpar essa lama.

Isso impacta na vida das pessoas, além das consequências para as empresas que dependem do Rio Doce. Temos pescadores, pessoas ribeirinhas que vivem do Rio Doce e têm suas vidas atingidas que não foram reparadas até o momento”.

O presidente do Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (CORIDOCE), prefeito José Roberto Gariff Guimarães (Beto), de São José do Goiabal, de Minas Gerais, convocou o poder do Estado e da União para se envolverem diretamente no processo.

“É necessário que o presidente da República Lula, o governador Romeu Zema, o governador do Espírito Santo, Renato Casa Grande, e o ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, chamem para a mesa de negociação da Repactuação os CEOs das empresas Vale, Sarmarco e BHP. R$ 590 bilhões foi o faturamento dessas empresas pós-acidente.

E depois de três anos, foi demonstrado que o acordo não pode ser menos do que R$ 126 bilhões, não deduzindo o que já foi gasto. E as empresas vêm com uma proposta absurda e desrespeitosa de R$ 42 milhões.

Mineiros e capixabas atingidos, população afetada, pessoas que perderam suas casas e famílias que perderam seus entes queridos”.

A entrevista coletiva é um dos desdobramentos da última reunião entre representantes do Fórum Permanente de Prefeitos, realizada no final de janeiro deste ano, quando foram compartilhadas as preocupações dos municípios quanto à repactuação do acordo de Mariana (MG).

No final da reunião, foi divulgada uma carta aberta em caráter mundial, com o objetivo de externar todas as preocupações e anseios dos municípios impactados e criar uma verdadeira mobilização que garanta ações compensatórias e reparatórias na recuperação de todo prejuízo decorrente do rompimento.

Participaram da coletiva os prefeitos Mauro Pereira (Rio Doce - MG), Marleyde de Paula Mucida Miranda (Rio Casca - MG), Bruno Margotto Marianelli (Linhares - ES); Sérgio Meneguelli – (Colatina - ES) e Eder Eloi Alves (Sem-peixe MG); além do deputado estadual Enes Cândido, vereadores e outras autoridades.

Leia a carta na integra! (em anexo).

por Secretaria de Comunicação e Mobilização Social da Prefeitura de Governador Valadares

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