Tão importante quanto conscientizar pedestres e condutores sobre as regras e responsabilidades de cada um no trânsito é capacitar aqueles que, de forma preventiva ou repressiva, educam e trabalham em prol da segurança: os profissionais que atuam no trânsito. Por isso, numa manhã repleta de conhecimento, profissionais e educadores do trânsito das forças de segurança (Polícia Civil, Polícia Militar, Bombeiros Militar, Polícia Rodoviária Federal), condutores do Consurge, instrutores de autoescolas e outros condutores oficiais tiveram a oportunidade de se capacitar e aprender mais sobre mobilidade urbana e planejamento viário, fiscalização, bem como a velocidade no trânsito e seus impactos, por meio de três palestras, no Teatro Atiaia.
A primeira, com o tema Gestão de tráfego, mobilidade urbana e planejamento viário, foi ministrada pelo agente de trânsito Charles Cândido. Durante a palestra, o agente explicou que é dever do município garantir que as cidades tenham sua mobilidade urbana respeitada. Segundo ele, o Brasil conta com 3,5 milhões de novos veículos a cada ano e uma frota de 75 milhões de veículos, o que é um desafio para os gestores públicos. Infelizmente, os projetos de parcelamento do solo continuam os mesmos e o número de veículo é crescente. Diante disso, o agente reiterou que “a mobilidade urbana deve ser uma das prioridades da pauta de planejamento das cidades modernas. Quando não há aplicabilidade da legislação, consequentemente há um aumento no número de sinistros, conflitos e retenções viárias, degradação ambiental, marginalização urbana, ou seja, impactos cotidianos e aumento dos custos de infraestrutura urbana”.
A segunda palestra foi ministrada pelo Cabo Marinho, da Polícia Militar, que trouxe como tema A fiscalização de trânsito como fator determinante da redução criminal e aumento da civilidade. Ao longo da palestra, o militar destacou a importância da responsabilidade compartilhada no que tange à segurança viária e a ordem urbana, e explicou que as normas de trânsito representam pactos sociais de convivência. Sendo assim, cidades com cultura de respeito às leis tem menores índices de acidentes e maior confiança entre as pessoas. Ainda segundo o militar, onde há civilidade, há mais segurança, cooperação, orgulho de fazer parte da comunidade.
“Fiscalizar o trânsito vai muito além de atuar. É um ato de proteção à vida. E uma fiscalização de trânsito rígida contribui com a redução de crimes de trânsito e inibe a prática de infrações”, ressaltou.
Tão importante quanto os demais temas, o perito criminal Valdir Dorotheio trouxe sua expertise no campo da Física e compartilhou seus conhecimentos por meio da palestra Consciência com ciência: dinâmica da velocidade no trânsito, utilizando ilustrações, vídeos e os famosos crash tests (simulações de colisões), tornando a palestra ainda mais dinâmica.
Durante a palestra, o perito ilustrou um veículo com freio ABS, considerando o piso seco e bom estado de conservação dos pneus, circulando em diferentes velocidades, durante o dia e durante a noite, sob o efeito de álcool (considerando a ingestão de cinco latas de cerveja) e sóbrio, mediante o uso de celular ou não, bem como a combinação dessas variáveis, revelando a distância necessária, em cada caso, que o veículo leva para parar ao ser submetido a tais condições.
Outro ponto que chamou a atenção de muitos foi a energia impelida a um pedestre durante uma batida. Só para se ter uma deia, a energia projetada em um pedestre ao ser atropelado por um veículo a 30km/h é a equivalente a cair de um prédio de quatro andares; ser atropelado por um veículo a 100 km/h seria o equivalente a cair de um prédio de 47 andares.
Segundo o perito, esse conjunto de palestras é uma oportunidade única para as autoridades locais. “Estamos diante de uma oportunidade de reciclagem, trazendo mais conhecimento para as pessoas diretamente focadas no trânsito. A palestra traz informações como o tempo de reação e de percepção no trânsito, faz refletir se dá tempo de adentrar numa via ou não, portanto, a proposta é trazer essa visão técnica e científica para o leigo, que muitas vezes não tem esse conhecimento de forma mais pedagógica”, disse.
Vale lembrar que as palestras são mais uma ação do Movimento Maio Amarelo, que tem a proposta de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo.
por Secretaria de Comunicação e Mobilização Social