DA AGÊNCIA MINAS
Sucesso instantâneo. Assim pode ser definido o Palácio do Samba, iniciativa inédita de abrir as portas do Palácio da Liberdade durante o Carnaval para colocar em evidência o samba, gênero que está em vias de ser registrado como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.
A iniciativa é do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Comunicação Social, da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Secult-MG) e da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), em parceria com a Casulo Cultura e patrocínio da Gasmig.
Durante a programação, de 10 a 13/2, o público lotou os jardins do Palácio da Liberdade para acompanhar atrações como rodas de samba agitou público animado, como a belo-horizontina Maria Vitória Oliveira Silva, de 24 anos, que pela primeira vez passa o Carnaval na cidade natal.
“Estou achando maravilhoso, porque eu não sabia que teria o samba no Carnaval de BH. Geralmente, eu ia para o interior de Minas para descansar. Sou sambista de carteirinha, e o Palácio do Samba está lindo. Só samba de raiz, samba de primeira”, aprovou a jovem, que, além do repertório, elogiou a organização: “Está tudo muito organizado. Você vê a galera se divertindo sem briga, está muito bom!”.
Estrutura
A estrutura do evento também foi elogiada por Fabrício Rodrigues Nascimento, 29 anos, que faz o movimento contrário de Maria Vitória. Apesar de ser de Belo Horizonte, ele mora em Santo Antônio do Monte e há anos vem à capital especialmente para o Carnaval.
“A organização do Palácio do Samba está impecável. A roda do samba está muito boa. Está maravilhoso, arrasaram!”, parabenizou Fabrício.
A alegria do público só não era maior do que a dos músicos. Ramon Feliciano, pandeirista do Grupo Simpatia, se surpreendeu com a adesão das pessoas.
“Bastou começar a música para isso aqui encher, e ficou essa maravilha que está aí. Foi muito gratificante para a gente participar desse evento, porque o público cantou com a gente. Muito, muito bom”, alegrou-se.
No domingo (11/2), o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira, visitou o espaço e pôde conferir de perto a animação das pessoas com a iniciativa.
“Eu tenho visto uma alegria nos blocos, nas áreas sonorizadas, nos bairros, e em especial, no Palácio do Samba, onde está uma energia totalmente contagiante. O povo negro foi quem criou o samba no Brasil, um gênero que, no início do século passado, foi incorporado ao Carnaval e o transformou numa grande festa”, pontua Oliveira.
Democratização do acesso ao Palácio da Liberdade
A felicidade de Fabrício Nascimento com o Palácio do Samba não estava apenas no evento em si. Para ele, ver o Palácio da Liberdade aberto durante o Carnaval foi uma grata surpresa.
“Eu amei quando cheguei aqui e vi o evento no castelo, que antes ninguém tocava. A gente passava aqui na praça e não podia entrar. Na época do Carnaval era sempre fechado. Amei”, reforçou.
Parte de uma política de Estado que democratiza o acesso à antiga sede do Executivo estadual, a iniciativa foi a responsável por fazer Paizinho do Cavaco, vocalista da Velha Guarda Baluartes do Samba, entrar pela primeira vez no Palácio da Liberdade aos 77 anos.
“Sou nascido e criado em Belo Horizonte, sou um garoto de 77 anos, e é a primeira vez que entro no Palácio da Liberdade. E conhecer este espaço fazendo aquilo que faço desde a década de 60 é muito gratificante. Estou me sentindo super bem por me apresentar aqui”, contou Antônio Justino da Silva, nome de registro do integrante da Escola de Samba Cidade Jardim e um dos símbolos do samba de Belo Horizonte.
A presença maciça de um público diverso também encantou o baluarte. “Aqui tem pessoas de todas as idades. Todo mundo tem oportunidade de ouvir o samba, conhecer o sambista. O Palácio do Samba atinge a minha faixa etária e o público jovem”, observou.
“O Palácio do Samba é uma iniciativa muito boa. Uma oportunidade não só para nós da Velha Guarda, mas para toda a comunidade do samba. É uma ação que dá oportunidade para que o sambista se apresente”, concluiu Paizinho do Cavaco, que mostrou seu talento ao lado dos companheiros da Velha Guarda Baluartes do Samba, formada por Fabinho do Terreiro, Raimundo do Pandeiro, Bira Favela, Lulu do Império, Evair Rabelo e Janamô.
Transmissão ao vivo
A Rede Minas, gerenciada pela Empresa Mineira de Comunicação (EMC), transmitiu integralmente a festa no Palácio do Samba.
O estúdio da emissora pública mineira foi transportado para o local, que, durante os quatro dias de Carnaval, contou com rodas de samba começando às 16h e show de velhas guardas a partir das 19h.
A programação incluiu ainda apresentações de mestres-sala, portas-bandeira, passistas e baianas das escolas de samba de Belo Horizonte.
Os espectadores puderam assistir a tudo pela TV, pelo site redeminas.tv e na plataforma de streaming EMCplay. A Rádio Inconfidência, que também integra a EMC, fez a cobertura jornalística ao vivo e distribuiu copos comemorativos dos 45 anos da emissora.
Circuito Gastronômico de Favelas
O Palácio do Samba também contou com o Circuito Gastronômico de Favelas, espaço de alimentação com a participação de oito chefs da periferia, que levaram o sabor da cozinha mineira e de outras regiões do Brasil para a festa.
O Barreiro foi representado por dois chefs: Lora, com receita intitulada “Lanceta”, e Diones, que leva o “Pastel Trem de Minas”. Dirce, do Alto Vera Cruz, apresentou o prato “Feijoada Senzala”, enquanto Lia, da Barragem Santa Lúcia, serviu “Língua Recheada com Arroz do Campo e Banana Chips”.
Vinda do Morro do Papagaio, Wanusa preparou “Frango com pó de quiabo”, ao passo que Isaías, da Vila Conceição, cozinhou um “Peixe frito”.
O “Embolado Berrante” de Marlene, do Taquaril, e os bombons e tortas diversas de Alê Lucia, da Vila Aparecida, fecharam a lista de delícias apreciadas no Palácio da Liberdade durante os dias de Palácio do Samba.