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Democrata completa 93 anos hoje (13/2) e comemora classificação para a Série D

Pantera venceu o Cruzeiro por 2 x 1 e conquistou vaga para o Troféu Inconfidência e Série D do Brasileiro. E celebra aniversário
Lance do jogo no Arena do Jacaré, onde o Democrata conquistou uma vaga para disputar a Série D 2026 e o Troféu Inconfidência, com Uberlândia, Athletic e Betim. Foto: Gustavo Aleixo / Cruzeiro
quinta-feira, 13 fevereiro, 2025

Texto e pesquisa: Tim Filho

O Democrata foi a Sete Lagoas e venceu o Cruzeiro na última rodada da fase de classificação do Campeonato Mineiro Sicoob 2025. Os gols da Pantera foram marcados por Luann e Antônio Júnior. Para o Cruzeiro, marcou Bolasie.

O Cruzeiro abriu o placar com Bolasie, mas diminuiu o ritmo, envolvido pelo time do Democrata, que buscou o empate. O goleiro Léo Aragão errou ao tentar sair jogando e Luann Augusto não bobeou e mandou uma bomba para o gol, surpreendendo o goleiro cruzeirense.

No segundo tempo, depois da cobrança de uma falta pela direita, a bola foi levantada na área e Antônio Júnior surgiu como um bólido entre a zaga do Cruzeiro e mandou um torpedo, de cabeça, sem chance de defesa para Léo Aragão.

Com a vitória, o Democrata conquistou uma vaga para disputar a Série D 2026 e o Troféu Inconfidência, com Uberlândia, Athletic e Betim. Saiba agora um pouco sobre a história gloriosa da Pantera.

História gloriosa

O dia 13 de fevereiro é o dia mais importante para os democratenses. A data representa o início de uma trajetória vitoriosa, que já dura 87 anos. O Democrata foi o terceiro time do distrito de Figueira, que deu origem a Governador Valadares. A história do futebol em Figueiras merece ser recontada. Os primeiros times de futebol do lugarejo jogavam de branco e vermelho. São essas as referências históricas: um time branco e outro vermelho. Depois surgiu o rubro-negro, o Flamengo Football Club.

De uma dissidência do Flamengo, nasceu o Ibituruna Football Club, em 1931. Esse clube teve vida curta. Em 1932, o Ibituruna foi jogar no distrito de Cachoerinha (hoje Tumiritinga) e foi goleado por 5 x 0 pelo Palestra Itália. Na volta, de trem, o time se desfez. Isso aconteceu no dia 9 de fevereiro de 1932. Dias depois, em 13 de fevereiro do mesmo ano, os dissidentes do Ibituruna fundaram o Sport Club Democrata. A grafia era essa, híbrida, inglês-português.

A história da fundação do Democrata é curiosa. Um descampado existente ali onde hoje está a Estação Rodoviária, em 1932, era um campo de futebol de terra e grama, onde o maquinista Agenor Virgílio de Oliveira treinava um time de garotos.

Cornélio Mendes, torcedor do Ibituruna, que estava bem chateado com a goleada sofrida em Cachoeirinha, procurou Agenor e sugeriu que fosse criado um novo clube na Figueira. Proposta feita, proposta aceita. Nasceu o Democrata.

A partir daí os domingos de futebol ficaram ainda mais quentes. O Democrata levava grande público aos campos da Figueira. Dona Inhazinha Rocha, a mais fiel e aguerrida torcedora estava lá, em todos os jogos. Ela e a sua sombrinha. Falou mal do Democrata, a sombrinha cantava no lombo de quem cornetasse.

O Democrata, desde os seus primeiros anos, teve a vocação de defender e representar Figueira. Em 1935, grande parte dos atletas e diretores do Democrata, integraram o Partido Emancipador da Figueira. A luta de todos era pela emancipação do distrito, que pertencia à Peçanha. Em 31 de dezembro de 1937, a primeira vitória do Democrata: a tão sonhada emancipação chegou. Figueira virou cidade.

O primeiro time do Democrata, cuja foto está no Museu da Cidade, é um retrato da sociedade de Figueira. Era formado por intelectuais, funcionários públicos, professores, comerciantes e autônomos. Escalação do time da foto: Antônio Alcântara (diretor), Adhemar, Didinho, Dona Aidê Bumachar, Raymundo Simões, Cid Pitanga, Ulisses Amado, Milton Amado (diretor). Laudelino, Hércules, César Simões, Melanton, Chaim Salomão e Pedro Pinto. O mascotinho é Wilson Soares.

Mamudão, a casa da Pantera

O estádio José Mammoud Abbas, o Mamudão, é o grande patrimônio do Democrata. Mas a história dos campos (estádios) começou em 1932. O primeiro campo de futebol do Democrata foi em uma faixa de terra existente próximo ao prédio da atual Estação Rodoviária, em 1932. Na medida em que o distrito de Figueira crescia, os espaços urbanos eram tomados por construções. E com a emancipação de Figueira e surgimento de Governador Valadares, o velho campo foi ocupado. O Democrata teve de se mudar para um campo onde hoje está a Estação Ferroviária. Lá, o Democrata fez grandes jogos, como o amistoso que parou a cidade, em 1942, contra o América Mineiro.

Mas a cidade crescia de forma espantosa, e a Estação Ferroviária que se localizava onde hoje é o Fórum, tinha de ter um lugar melhor, ou seja, estar junto aos trilhos da Estrada de Ferro Vitória a Minas, que foram retirados da área central da cidade. Mais uma vez o Democrata teve de ceder o seu campo em benefício do progresso da cidade, desta vez para a Cia Vale do Rio Doce, que usou o terreno para construir a atual “Estação”.

Em 19 de fevereiro de 1949, o prefeito Dilermando Rodrigues de Melo, assinou esse decreto: “Artigo 1o - Fica o prefeito municipal autorizado a fazer doação ao Esporte Clube Democrata, associação esportiva desta cidade, para instalação de sua praça de esportes, um terreno constituído pelos quarteirões 59 e 147 da planta primitiva da cidade, com área de 22 mil metros quadrados, parcialmente circundado por muro e conhecido pela denominação Cemitério Novo, abrangendo 47 lotes e mais 4 que resultaram do fechamento da rua 394”. Esse terreno é onde erguido o Mamudão, que naquela época era chamado informalmente de “Estádio dos Eucaliptos”.

Feitas as fundações em 1962, no decorrer do ano de 1963 foram construídas as estruturas de concreto armado para as arquibancadas e setor de cadeiras da Rua Osvaldo Cruz. Como acontece em todas as obras em que o construtor não tem dinheiro para dar um andamento satisfatório ao ritmo de construção, a diretoria do Democrata enfrentou sérias dificuldades para concluir o lance de arquibancadas. Inaugurado, o estádio recebeu o nome de José de Magalhães Pinto, governador de Minas. Somente na década de 1980 passou a se chamar José Mammoud Abbas, em homenagem ao presidente que o construiu.

Iluminação

As obras de iluminação do Estádio Magalhães Pinto (Mamudão), foram inauguradas no dia 16/11/1976 com dois jogos. Na preliminar, o Tabajara, de Galiléia, venceu o Democrata por 1 x 0. No jogo principal, debaixo de muita chuva, Cruzeiro de Belo Horizonte e América do Rio empataram em 0 x 0.

A iluminação do estádio resolveu um problema antigo do Democrata, que não podia mandar os jogos no seu campo caso a FMF os marcasse para o horário noturno. Em 1969, quando participou da divisão extra do Campeonato Mineiro de Profissionais, o Democrata teve de fazer os jogos noturnos no Estádio Armando Vieira, do C.A. Pastoril.

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